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Helena Matos, hoje, no Público (O país faz de conta, transcrito por Eduardo Pitta), a partir do exemplo das taxas moderadoras, demonstra com simplicidade a total ausência de rumo do PSD e o CDS. Arrastam-se penosamente atrás da miragem dos descontentamentos mais primários. Os resultados deste caminho estão à vista.
A oposição é «o que está contra» e, por isso, tem por dever opor-se. Uma oposição que não se opõe demite-se de ser oposição. Logo, se se demite de ser oposição deixa de «estar contra» para estar a favor. E se está a favor já não é oposição. É neste silogismo que Manuela Ferreira Leite se deixou enlear. Se o Governo defende a avaliação dos professores, Manuela Ferreira Leite defende a suspensão dessa avaliação; se o Governo defende o TGV, a presidente do PSD diz que com que ela não esperem ver passar comboios; se o governo defende o investimento público para reanimar a economia, Manuela Ferreira Leite defende que não devia ser o Estado a estimular o investimento e o consumo, mas sim as famílias e as empresas, através da redução de imposto. Se o governo diz que o melhor é tomar dolviran, Manuela Ferreira Leite diz de imediato que nem pensar, o panadol é que bom. Mas o problema da presidente do PSD é que, quando não se tinha que opor, defendeu a avaliação dos professores; o TGV, o aumento de impostos para sustentar o investimento público e por aí fora. O mal de tudo isto é que o PSD não tem uma solução, uma alternativa. Apenas é «contra». E, depois, queixam-se que a comunicação social «fabrica» a convicção de que não há alternativa…
Já aqui escrevi: As questões suscitadas pelo Presidente da República ao «Estatuto dos Açores», e que estão na origem do veto, são de «dignidade institucional», ou seja, quanto à essência, não aquecem, nem arrefecem. O PS nada tinha a perder se propusesse, na Assembleia da República, a alteração das duas normas em causa.
Vai para aí uma ladainha, sobretudo dentro do PSD, por causa da escolha de Santana Lopes para candidato à Câmara de Lisboa que até parece que o homem não é do PSD. Apenas, porque Manuela Ferreira Leite resolveu a tempo um problema, antes que o «problema» lhe caísse em cima: se convidasse as pessoas sugeridas por Pacheco Pereira ia de recusa em recusa, conforme declarações dos próprios (e como aconteceu a Marques Mendes), até que, enfraquecida, enquanto líder e enquanto oposição, agarrava o primeiro Negrão que passasse num corredor do Palácio de São Caetano à Lapa.
«Pacheco Pereira faz essas declarações na sua qualidade de comentador para a qual é pago. Já nos habituou que, para continuar a ter valor de mercado, tem de dizer mal das pessoas»
Carlos Carreiras, presidente da distrital de Lisboa do PSD.
Não vi (nem ouvi) nada sobre o debate de hoje, na Assembleia da República, sobre a «crise financeira». Mas o João Villalobos deu-me a notícia.
Há quem, ainda, perante as evidências, tenha defendido recentemente que a invasão do Iraque foi uma decisão acertada da Administração norte-americana, especialmente de Bush. Há quem, ainda, perante as evidências, não tenha percebido que Bush (e a sua equipa), nos oito anos do seu mandato, colocou os EUA de cócoras. Mas, para nós, portugueses, o mais grave é que, essas pessoas, mesmo defendendo, ainda, a invasão do Iraque ou não percebendo como os EUA chegaram a este ponto com Bush, assumem-se como estrategas do PSD.
O PCP, todos sabemos, regressou aos «clássicos», o que corresponde a dizer que, depois de dois momentos «defensivos» – o que se seguiu ao 25 de Novembro de 1975 e, depois, à Perestroika e à queda do muro de Berlim – voltou à ditadura do proletariado. A sua posição contra o Código do Trabalho, em discussão na Assembleia da República, é coerente: eles não querem aperfeiçoar o capitalismo; querem a sua destruição e, sobre as suas cinzas, erguer uma «sociedade nova», onde um código do trabalho não faz sentido porque quem trabalha é a classe dominante e só os «reaccionários» e os «agentes do imperialismo» falam sobre os direitos dos trabalhadores. O Bloco de Esquerda não sabe bem o que quer: se aperfeiçoar o capitalismo, se o destruir; se deve participar em «governos burgueses» ou não. A pequena burguesia urbana é assim: hesitante. É, ideologicamente falando, um caldo entre «guevarismo» «chavismo», «trotskismo» e outras coisas no género. Não sabe para onde quer ir. Entretanto, o «instinto de sobrevivência» diz-lhe que o melhor é estar contra tudo o que facilite a sobrevivência do capitalismo. Também é, no fundo, uma posição coerente. O PSD (o CDS não conta para nada) não vota a favor, nem contra a proposta do PS de revisão do Código do Trabalho. É uma posição incoerente, semelhante à posição do PS sobre esta matéria há 5 anos. Contudo, a posição do PSD ajuda o PS: a presente proposta de Código do Trabalho não está feito à medida da «direita»; e tanto assim é que o PSD (e o CDS, também) não a vota favoravelmente. Este não é um argumento formal; é substancial. Se não é um argumento substancial, o PSD está de rastos e a pesca em águas turvas vai, mais cedo ou mais tarde, reduzi-lo à expressão eleitoral do PCP e do BE.
«Sem Angela Merkel, não haverá acordo sobre o tratado. Cara Angela, receio que tenhamos ainda de recorrer aos teus bons ofícios para que este tratado se torne finalmente realidade»
Durão Barroso (Presidente do PSD há 4 anos – 4 repito - sucedido no cargo por Santana Lopes, Marques Mendes, Filipe Meneses e Manuela Ferreira Leite)
Terminou hoje a Festa do Avante. No comício de encerramento, Jerónimo de Sousa, disse o que lhe compete dizer: atacou as «políticas de direita» do governo, mas – escrevem os jornais – centrou parte da sua intervenção no aumento da criminalidade violenta, à qual o governo deu uma resposta «fraca». Aliás, Jerónimo de Sousa parece ter moldado esta parte do discurso pelo que, à hora do almoço, ouviu a Manuela Ferreira Leite, no encerramento da Universidade de Verão. A dirigente social-democrata também centrou o seu discurso na «insegurança»: não se sente que os criminosos sejam perseguidos e punidos, disse. O líder comunista copiou a frase ao dizer que se gerou um sentimento de que os criminosos ficam impunes e que o Estado está vulnerável ao crime. Ambos cederam ao efeito fácil: «isto» da segurança deve «render», falemos então no assunto. Para a rentrée se completar falta ainda ouvir as sábias palavras de Francisco Louça. De Paulo Portas já não se espera nada de relevante. No fundo, os discursos de Jerónimo de Sousa e de Manuela Ferreira Leite foram uma prenda de aniversário a José Sócrates.
Há dias, o PSD, em comunicado, exigiu a demissão do ministro da Administração Interna. Hoje, a actual presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, exigiu a demissão do ministro da Justiça. Quando é que o PSD, em vez de decapitar ministros, nos diz o que irá fazer de diferente caso venha a ser governo?
Os nossos cronistas do quotidiano vaticinam as mais catastróficas consequências políticas à atitude deliberadamente distante de Manuela Ferreira Leite. Mesmo admitindo que têm razão, o que está por provar, agrada-me o estilo pedagogicamente discreto: marca a diferença dos que só «fazem» política para o «telejornal das 8 horas». Não estou de acordo com o conteúdo das intervenções, mas aplaudo o estilo, sobretudo numa época em que não há cão nem gato que não se ponha em bicos de pé para a fotografia. Espero que fique como exemplo.
«PSD não é contra as obras públicas em geral nem em concreto»
Era tão importante saber quem ficaria em segundo lugar nas «directas» de ontem do PSD como a margem de vitória do novo presidente. Manuela Ferreira Leite disputará as próximas eleições com Sócrates, mas Passos Coelho adquiriu estatuto de futuro líder do partido.
Santana Lopes ficou atrás de Pedro Passos Coelho nas «directas» do PSD. Cumpriu-se uma das «pequenas vinganças» de Luis Filipe Menezes.