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Hoje voltei a ouvir a voz do senhor Nogueira, na rádio, a propósito da entrega de um
abaixo-assinado de professores. Aquela voz inconfundível de delegado sindical da
construção naval dos anos 70 obrigou-me a reconhecer um erro de apreciação.
Escrevi, aqui, a propósito da última manifestação de professores, que «o PCP cavalga a
onda de descontentamento dos professores». Não é verdade. Quem cavalga quem só
se pode medir pelos resultados. Se o PCP não alterar significativamente o resultado
eleitoral nas eleições do próximo ano, depois desta tenaz luta dos professores,
significa que a frase ajustada à realidade deve ser «Professores cavalgam onda de
descontentamento do PCP».
Há quem, ainda, perante as evidências, tenha defendido recentemente que a invasão do Iraque foi uma decisão acertada da Administração norte-americana, especialmente de Bush. Há quem, ainda, perante as evidências, não tenha percebido que Bush (e a sua equipa), nos oito anos do seu mandato, colocou os EUA de cócoras. Mas, para nós, portugueses, o mais grave é que, essas pessoas, mesmo defendendo, ainda, a invasão do Iraque ou não percebendo como os EUA chegaram a este ponto com Bush, assumem-se como estrategas do PSD.
« Washington e Pyongyang, tanto faz», do Pedro Correia (Corta-fitas).
Caro Paulo Gorjão: o meu texto não é sobre a condição de arguido de Pedro Santana Lopes (se poderá ou não vir a ser). Nem contém o menor juízo de valor político, favorável ou desfavorável, sobre Santana Lopes, quer como presidente da Câmara de Lisboa, quer como primeiro-ministro ou presidente do Sporting. O meu texto é sobre a condição de «arguido» e a conotação política que a comunicação social e algum oportunismo político associou àquela condição. A condição de «arguido», tal como a «cultura política» dominante a interpreta, e a faz passar através dos media, presta-se às maiores pulhices políticas. Vindas de inimigos ou de adversários, tanto faz. Veja-se o «caso McCanne»: na opinião pública, a senhora foi uma mãe em sofrimento pelo desaparecimento da filha até ao momento em que foi constituída «arguida». A partir daí passou a ser vista como uma potencial «criminosa». Afinal, o processo foi arquivado. Há muito tempo que se desfez um princípio basilar do direito penal, apesar de toda a gente encher a boca com ele: a presunção de inocência até ao trânsito em julgado de uma sentença condenatória. Foi a «luta» (ou a mesquinhez) política que o desfez. Se não se põe fim a este caminho, os carrascos de hoje serão das vítimas de amanhã e as vítimas de hoje serão os carrascos de amanhã. É como meter merda na ventoinha: daqui ninguém sai vivo.
O Movimento Mérito e Sociedade está a entrar pelo lado mais fácil para marcar pontos: «O Movimento Mérito e Sociedade propõe a aplicação da taxa "Robin dos Bosques" à classe política, defendendo a retirada dos subsídios e compensações aos ex-deputados e dirigentes de empresas públicas com menos de 65 anos.» No entanto, como novo partido, para se afirmar, não é exigível que entre pelo lado mais difícil: qual a receita que propõe para governar.
Era tão importante saber quem ficaria em segundo lugar nas «directas» de ontem do PSD como a margem de vitória do novo presidente. Manuela Ferreira Leite disputará as próximas eleições com Sócrates, mas Passos Coelho adquiriu estatuto de futuro líder do partido.
Santana Lopes ficou atrás de Pedro Passos Coelho nas «directas» do PSD. Cumpriu-se uma das «pequenas vinganças» de Luis Filipe Menezes.
A fuga de Durão Barroso para o «Egipto» e a institucionalização das «directas» transformou o PSD numa máquina trituradora. Os resultados eleitorais de ontem (três candidatos ficaram praticamente na casa dos 30%), que conduziram Manuela Ferreira Leite à liderança do partido, deixam adivinhar que a máquina elege o presidente do partido para melhor o triturar. Muita gente, no interior do PSD, vai fazer a vida «negra» a Manuela Ferreira Leite, como fez a Mendes e Menezes. Mais de metade do PSD vai «trabalhar» para a derrota do PSD nas próximas eleições. É também curioso, a partir de hoje, ver como Pacheco Pereira, o «ideólogo» da trituração, vai reagir contra os críticos internos da direcção ontem eleita.
Muito se disse e escreveu, há dois meses, sobre uma aluna da Escola Carolina Micaelis por causa de um telemóvel. Mas, o caso não é paradigmático, mas comum por essa Europa fora. Por isso, realço a atribuição da Palma de Ouro do Festival de Cannes (a primeira para um filme francês nos últimos 20 anos) ao filme Entre les murs, de Laurent Cantet. O filme retrata as dificuldades do quotidiano de uma escola nos arredores de Paris a partir do romance autobiográfico de Francois Begaudeau. Telemóveis há muitos…