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Béria e Krutchev transportam a urna de Estaline.
Vítor Dias – tal como os demais comunistas portugueses – tem a ingrata tarefa de transportar, aos ombros, a história oficial do PCP. Isso obriga-o a não ceder um milímetro aos luxos burgueses, como a liberdade de pensamento, por exemplo. Vítor Dias pensa que Álvaro Cunhal, enquanto líder do PCP, nunca cometeu erros (ai o culto da personalidade!), do mesmo modo que endeusou Estaline até 1953 e depois, como se nada fosse com ele, alinhou na denúncia dos crimes do ditador soviético feita por Krutchev, em 1956. E nem pestanejou quando Krutchev, na luta pelo poder, executou Béria da mesma forma que Estaline tinha executado tantos dos seus camaradas. Nem estranhou que quem denunciava os crimes de Estaline tinha escrito, anos antes: «Os trotskistas levantam as suas mãos traidoras contra o camarada Estaline, Estaline a nossa esperança; Estaline o nosso desejo, Estaline: a luz da humanidade avançada e progressista. Estaline a nossa vontade, Estaline: a nossa vitória». Vítor Dias não acredita nas ideias, nos factos, na multiplicidade, na discussão. Acredita apenas, piamente, na «linha justa» do Partido. Vítor Dias vê o mundo através de umas lentes que lhe distorcem o que vê: por exemplo, democracia na Coreia do Norte e fascismo («grau zero da democracia»)