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Dizem os críticos literários que João Ubaldo Ribeiro sintetiza o melhor de Graciliano Ramos e de Guimarães Rosa, o que é um elogio do tamanho do oceano Atlântico. A sua obra literária estende-se pelo romance, conto, ensaio, crónica e a literatura infanto-juvenil. Atribuiram-lhe o Prémio Camões. É merecido. Em A casa dos Budas Ditosos, onde é frontal, luxuriante, provocador, irónico e belo, arruma de vez com o puritanismo pequeno-burguês. Transcrevo um minúsculo naco:
«Nenhuma mulher gosta do pau mole; exceptuadas dimensões aberrantes e as outras variáveis sendo equivalentes, o pau maior e vistoso é preferido. Evidente que o principal, principalíssimo, é quem é o proprietário do pau. Mas aí, se é pequeno, a mulher apenas deixa para lá, embora preferisse que fosse maiorzinho; é mais satisfatório, por alguma, ou várias, razões. Esta é que é a realidade, o resto, repito é onda e pensamento voluntarista. E nenhuma mulher sadia tem nojo do esperma, outra coisa que precisa bem esclarecida. Eu li não sei onde que alguns muçulmanos consideram ofensa suprema a mulher cuspir fora o esperma derramado em sua boca por seu homem. Eu concordo, é uma selvajaria, um sinal de baixa extracção, falta de formação, de classe, de cultura, de sofisticação. Cuspir o esperma só é admissível ou quando se quiser insultar um homem ou quando se quiser pô-lo em seu lugar: você pode ser bom para eu me distrair chupando seu pau, mas não é bom suficiente para eu engolir sua seiva, me recuso a devorá-lo, não dou às suas células essa intimidade com as minhas. Eu sou maluca.»