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Barack Obama assinou, ontem, ordens consagrando o fecho de Guantánamo no prazo de um ano e o fim das prisões secretas da CIA no exterior; proibiu a tortura e levantou as restrições ao financiamento governamental de organizações que forneçam serviços de aborto,
A minha dúvida, neste momento, é a seguinte: Barack Obama vai mudar a América ou a América vai mudar Barack Obama?.
Barack Obama é um supositório envolto em areia grossa para a esquerda radical que hoje se babou com a tomada de posse do presidente norte-americano.
A tomada de posse de Barack Obama arrumou, em termos mediáticos, com o funeral de Lady Di. Uma coisa é Elton John; outra é Arehta Franklin. E 2 milhões de almas a assistir ajudam muito. Obama é um «animal político». Demonstrou-o durante a campanha eleitoral, nas escolhas do governo e no discurso de tomada de posse. E, hoje (depois do descalabro da «liderança» financeira, sem rei, nem roque), é necessário que a política volte ao posto de comando. Depois da tomada de posse de Obama, a América nunca mais voltará a ser o que foi. E muito menos o que foi nos últimos 8 anos. Quanto ao resto ficamos à espera.
Amanhã, 20 de Janeiro de 2009, prova - mais uma vez - a vitalidade democrática do povo norte-americano.
Barack Obama começa a dar os primeiros avisos: ontem avisou que a recessão pode ficar por vários anos; hoje acrescentou que a situação económica dos EUA é cada vez mais grave e está a deteriorar-se.
Nos Estados Unidos não ter carro está cada vez mais caro.
Morreu Mark Felt, o «garganta funda» que tramou Nixon. Os presidentes dos Estados
Unidos nunca se deram bem com «gargantas fundas».
Barack Obama é presidente dos Estados Unidos da América. Este facto é, só por si, uma mudança. Mudança da «percepção» que os americanos tem de si, enquanto povo. A dimensão da participação eleitoral e a dimensão da vitória reforçam esta mudança. A mudança exteriorizou-se com Obama. Resta saber se está para além de Obama.
Reynolds Price, escritor e professor universitário, autor da Introdução aos Contos Completos, de Truman Capot (Sextante Editora, 2008), escreve: «a América nunca foi um país de leitores» de ficção literária. Quem não soubesse isso de fonte limpa, pelo menos adivinhava. E acrescenta que, no século XX, «apenas dois notáveis ficcionistas lograram penetrar na maior parte dos lares americanos – Ernest Hemingway e Truman Capot». Ambos chegavam através das revistas Life, Look ou Esquire. Ora, quer Hemingway, quer Capot, não eram exactamente a respeitável Corín Tellado. Nenhum dos dois, cada um à sua maneira, «encarnava» o «espírito» e a «ambição» da classe média norte-americana. Aliás, cada um deles se suicidou, também, à sua maneira: um com uma bala na cabeça; outro com álcool e drogas. No entanto, a acreditar em Reynolds Price, foram os únicos ficcionista que «penetraram na maior parte dos lares norte-americanos». Será que Obama está a beneficiar de um efeito ao retardador?
Esta fotografia é de hoje, 29.10.08 (El País): quando um candidato às presidenciais norte-americanas se apresenta, numa acção de campanha, a 6 dias das eleições, de ténis, jeans e blusão; quando esse candidato é negro; e quando esse candidato é o melhor colocado nas sondagens para ocupar o cargo de Presidente dos Estados Unidos, é caso para dizer que os «costumes» do povo norte-americano estão em acelerada mudança. Será que o extremista George Bush enterrou definitivamente a «América» conservadora que o sustentou durante dois mandatos?
George Bush pode deixar a Presidência dos Estados Unidos como o presidente mais impopular da história do país. Numa sondagem hoje publicada em The Washington Post, 70 % dos americanos desaprovam as políticas da Administração Bush. Os piores resultados de sempre pertenciam a Harry Truman (67%, 1952) e Richard Nixon (66%, 1974). É obra!
Hoje, os Republicanos, na Câmara dos Representantes, em nome da pureza ideológica «neoliberal», desautorizaram Bush, bombardearam McCain e deram indicação de voto em Obama. Ainda por cima, inutilmente. Daqui a uma semana vão dar o dito por não dito.
O governo da República Popular da China começou ontem a comprar acções de 3 bancos chineses – Industrial and Commercial Bank of China, Bank of China e China Construction Bank – «de modo a sustentar as suas cotações num contexto de queda dos mercados bolsistas».
A Reserva Federal dos EUA optou pela nacionalização da seguradora American International Group (AIG), entregando 85 000 milhões de dólares contra 80% dos activos da Companhia. A decisão da Reserva Federal, considerada a intervenção mais radical de sempre num negócio privado, vem demonstrar, mais uma vez, que os livros de receitas, mesmo com capítulos sobre falências, só servem para dar umas pistas. A arte está no cozinhar, não na receita. Os fundamentalismos e purismos ideológicos e económicos estão a ir ao tapete todos os dias. E, a procissão, apesar de já ter saído do adro, ainda está longe de regressar à Igreja.