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O G qualquer coisa – desta vez foram 20 «países industrializados» –, reunidos em Washington, «acordaram inverter a tendência de recessão global e prevenir futuras crises». Para tal, desdobraram-se em intenções de regulação, palavra que se multiplica ao longo do comunicado, mas no essencial, apenas mandaram os ministros das Finanças de cada um pensar sobre o assunto até 31 de Março de 2009.
«A desigualdade continua porque o país não produz, não exporta, não investe e não poupa; porque se endivida; e porque o Estado o desorganiza, corrompe e abafa. Isto é a evidência. Infelizmente, de quando em quando, convém repetir a evidência.»
Desigualdade, Vasco Pulido Valente, Público, 18.07.2008.
O Banco de Portugal, no seu relatório de Verão, baixa a previsão da taxa de crescimento económico, em 2008, para 1,2%. Nada mais evidente. Os partidos da oposição, como é seu dever (em Portugal o termo «oposição» é levado a sério: os partidos da oposição «opõem-se», não apresentam soluções) criticaram o governo. A questão não está no relatório de Verão, mas no de Outono. Duvido que, aí, a previsão actual se aguente.
Nuno Ramos de Almeida descreve uma pequena história dramática. Romanceada, mas vulgar. Implacável, mas coisa do dia a dia. Há quem defenda que a morte do mercado do arrendamento para habitação, em Portugal, foi obra da «primeira República». Outros dizem que se deve ao congelamento das rendas imposto pelo «Estado Novo». Seja como for, fazer de todos os portugueses proprietários da sua habitação é uma teia em que quase todos se enleiam. Pelo menos, há 30 anos. Em muitos casos, um conto de fadas feito prisão. Do emprego e do desemprego. Do medo e do silêncio. Em vez de «o trabalho liberta», pode-se inscrever a «propriedade liberta».
O Eurobarómetro da Primavera, divulgado pela Comissão Europeia, revela que os portugueses são os cidadãos europeus mais pessimistas quanto ao futuro. Só 15% acreditam que a sua vida vai melhorar nos próximos 12 meses, quando a média europeia se situou nos 32% de optimistas. Mais significativo, ainda, é o facto de há 6 meses, no mesmo inquérito, no Outono de 2007, 35% mostravam confiança na melhoria da sua vida nos próximos 12 meses. Ou seja, decorridos 6 meses, operou-se uma queda abrupta das expectativas. O que está por saber é até que ponto a frustração e o descontentamento aqui revelados se traduzem nas próximas eleições, sobretudo nas legislativas. Pelo andar da carruagem, não há ventos de mudança porque o quadro partidário está imóvel. Todos conhecem do que é capaz Manuela Ferreira Leite, Paulo Portas, Jerónimo de Sousa e Francisco Louça. Aliás, a própria oposição (as oposições, à direita e à «esquerda») sabe isso, contentando-se em retirar a maioria absoluta ao PS. O que não é nenhuma vitória. É, apenas, uma consequência natural.