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Cavaco Silva não arriscou marcar as eleições legislativas no mesmo dia das autárquicas, como era seu desejo. E não arriscou por um simples motivo: as consequências eleitorais ao assumir publicamente a liderança do PSD. Ainda é cedo. 27 de Setembro é, pois, o dia que vai marcar o início de um novo ciclo politico: o ciclo da instabilidade governativa. Ainda por cima em tempos de vacas magras. Estão desenhados os contornos: um governo socialista com maioria relativa e uma oposição cerrada, no Parlamento, à direita e à esquerda; ou, em alternativa, um governo presidencial, também de maioria relativa, com a implacável oposição de uma «maioria de esquerda» no Parlamento. Numa ou noutras das soluções, a instabilidade e a paralisia governativa vão ser o pão-nosso de cada dia, com a recuperação da economia real a gemer por muito tempo. Mas é difícil fugir a estes contornos nos próximos dois anos. As presidenciais passam, então, a ser a chave do «problema». O presidente eleito terá de dissolver a Assembleia da República, a meio da legislatura, e aproveitar a «sua» maioria para a transformar em maioria parlamentar. Não é preciso comprar um GPS para conhecer o caminho: se o PSD ganhar as próximas eleições legislativas e, em consequência, se formar um governo presidencial, Cavaco Silva pagará a factura da governação. Manuel Alegre reforçará, então, as suas possibilidades de vir a ser o próximo presidente da República, resultado impensável noutro contexto. O que significa que o novo ciclo político vai durar apenas dois anos, na melhor das hipóteses. A coisa promete… fortes ventanias no litoral e neve nas terras altas.