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Obama vai levantar as restrições a viagens e a remessas de dinheiro para Cuba. É uma medida que vai contribuir, e muito, para o desmoronamento do «socialismo» cubano. Tal medida tem duas implicações imediatas. A primeira – as viagens – provoca um significativo acréscimo de «contaminação ideológica». Milhares e milhares de cubanos, residentes no Estados Unidos, reunidos com os seus familiares ao serão, vão explicar como funciona o «outro mundo»: liberdade de associação, de manifestação, de expressão, de reunião e por aí fora. Têm de trabalhar duro, mas transportam consigo a prova dos nove: podem viajar para onde quiserem e têm dinheiro para lhes enviar. A segunda – as remessas de dinheiro – vai ampliar as distorções na estratificação social do «sistema». Hoje, um bagageiro de um hotel (ou outras actividades ligadas ao turismo) ganha mais, por via das gratificações, do que um cirurgião. E isso dá-lhe acesso a bens e a um nível de vida que o cirurgião não alcança, dependendo este de uma centena de pesos por mês e umas senhas para comprar frangos. Amanhã, vai ser mais importante, do ponto de vista da «ascensão social», ter um primo em Miami do que ser um «empenhado quadro do partido». A pobreza vai estar associada ao Estado e ao Partido. Melhores condições de vida vão estar associadas ao exterior: turismo e remessas de dinheiro de imigrantes. Resta saber por onde a coisa vai partir: se por dentro, à soviética, terminado o ciclo dos irmãos Castro; se, por fora, nas ruas, depois de sangrentas repressões.