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José Pacheco Pereira é uma das mais interessantes personagens da cinematografia política portuguesa. Deambulou, empenhado, pela mediocridade do aparelho partidário e defendeu com unhas e dentes a «imaculada» maioria absoluta cavaquista. Desde aí, está na oposição. Na oposição propriamente dita e, também, na oposição no partido que escolheu como seu. Atira-se ao presidente do seu partido (o anterior, naturalmente) com a mesma agressividade felina com que se atira aos opositores externos, ao Governo, a jornalistas e outros «infiéis». É um propagandista, no bom estilo marxista, quando usa a comunicação social e um exímio agitador leninista quando usa o blogue. E quando lhe desaparecem os opositores, ele inventa-os. Vê o mundo a preto a branco, cada vez mais. Mas é um bom historiador. Do comunismo, principalmente. Leio com agrado e concordância tudo o que escreve: sobre Cunhal e o PCP ou o maoísmo. Ainda no último domingo, no Público, escreveu um excelente texto sobre Stella Piteira Santos. Contudo, penso que é nesta sua faceta histórica, é nos seus estudos sobre o comunismo, que reside o mal dos seus pecados políticos. É aqui que ele alicerça a sua visão do mundo a preto e branco. Para ser mais rigoroso, Pacheco Pereira já tinha feito a primeira comunhão na adolescência, no maoísmo. E prosseguiu, quase inconscientemente, tomando repetidamente a hóstia, através da história do comunismo. No fundo, Pacheco Pereira é um comunista (na análise, na metodologia e na luta política) estilo vintage. Escolheu o PSD para travar os seus combates. Outros escolheram o PCP, e outros optaram pelo Bloco de Esquerda. Mas, em democracia, cada um escolhe o partido que lhe dá na gana.