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O Presidente da República, através de um comunicado, desmentiu uma notícia do Expresso. No final do referido comunicado, acrescentou: «a agenda da classe política deve estar centrada no combate à crise que afecta o País e a atenção dos portugueses não deve ser desviada dos problemas que efectivamente os preocupam.» Em resposta, todos os partidos políticos com assento parlamentar – PS, PSD, PCP, CDS-PP e BE – apressaram-se em comunicar que estão «centrados» na crise e «preocupados» com o desemprego e com os portugueses e nem lhes passa pela cabeça pensar no «calendário eleitoral». Ora, se a política é a luta pelo poder e se a data das próximas eleições legislativas é um factor importante nessa luta (não coincidindo, eventualmente, os interesses do partido do governo com os interesses da oposição), não é verdade que o calendário eleitoral não esteja, também, no «centro» das suas atenções. As «preocupações» com a crise e com as suas consequências na vida dos portugueses, quer por parte do governo, quer por parte das oposições, não afasta as preocupações dos partidos com as datas das eleições. São dois planos diferentes. A «crise» não veio acabar com a luta política, antes pelo contrário. Não vale a pena meter a cabeça debaixo da areia. Só a hipocrisia política pode dar esta repentina «unanimidade».