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Estou deliciado com a leitura de O socialismo traído, de de Roger Keeran e Thomas Kenny (Edições Avante, Setembro de 2008). O PCP vai aí beber muito da sua «visão» sobre a hecatombe da URSS. E por isso não consegue ver para além da ponta do nariz. Os autores, num esforço acrítico, escrevem que Gorbatchov reduziu o «PCUS à impotência, transformando-o numa espécie de departamento consultivo de planeamento estratégico da sociedade soviética» (pág. 176). Com mais algum esforço teriam percebido que não foi Gorbatchov que «reduziu» o PCUS a um «departamento consultivo». Foi o «centralismo democrático» – concebido, inicialmente, para resistir nas condições difíceis do czarismo, permaneceu intocável. De Lenine até Gorbatchov. A democracia interna nos partidos comunistas é, pois, uma treta. Ou melhor, é uma rolha. Qualquer voz discordante é decapitada. O último líder do PCUS no poder apenas usou a rolha para, num ápice, fazer cair o castelo de cartas. Nada mais simples.