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TELENOVELAS.

por Tomás Vasques, em 30.06.13

Mais uma telenovela produzida por este governo, com guião de Vítor Gaspar. A secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, disse no Parlamento, na Comissão sobre o assunto, que o anterior governo não mencionou o problema dos 'swap' quando passou a pasta. Teixeira dos Santos disse que o tinha feito numa reunião com o novo titular da pasta das finanças, no dia 18 de Junho de 2011. O ministério de Vítor Gaspar reconhece que lhe foi fornecida a informação, mas para sacudir a água do capote, como é seu timbre, acrescenta: "mas nada acrescentava sobre as características dos contratos e, sobretudo, não apontava para nenhuma solução". Pasme-se. Vítor Gaspar queria que Teixeira dos Santos, ex-ministro, lhe desse a solução. Não há briefings diários que disfarcem esta incúria e esta desfaçatez.

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publicado às 22:04

A CULPA É DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL.

por Tomás Vasques, em 28.06.13

Seara e Menezes, candidatos do PSD a Lisboa e Porto, andam em bolandas, de tribunal em tribunal. Em Lisboa, o Tribunal Cível declara-se incompetente para julgar a “acção principal”, passando a bola ao Tribunal Constitucional. Seara rejubilou, como já fosse candidato. No Porto, o Tribunal Constitucional não aceitou conhecer um recurso de Menezes, o qual tinha suspendido a decisão do Tribunal Cível. O candidato ao Porto rejubilou, como se já fosse candidato. Uma legislação propositadamente retorcida e a insistência do PSD (e do PCP) em apresentar candidatos a várias câmaras municipais que se encontram neste “pântano” estão a levantar uma confusão do arco-da-velha. Os ditos candidatados a candidatos, caso venham a poder concorrer às eleições autárquicas, já têm desculpa para a derrota previsível, tal como o seu chefe faz em relação às inconstitucionalidades dos Orçamentos de Estado: a culpa é do Tribunal Constitucional. E, assim, se debilita a democracia.

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publicado às 22:25

GREVE GERAL. RESCALDO.

por Tomás Vasques, em 28.06.13

Para além de gente do governo ou próxima que condenou abertamente a greve geral de ontem, por motivos óbvios, levantou-se por aí um coro de vozes a “explicar” à arraia-miúda a inutilidade das greves gerais. “Banaliza o direito à greve” ou “estas greves gerais não alteram nada”– dizem. Não percebem que os grevistas pagam para fazer greve e, por isso, o nível de adesão, no quadro de dificuldades, temores e orçamentos familiares mirrados em que se vive, desmente claramente essa suposta inutilidade. Milhares e milhares de trabalhadores portugueses pagaram um dia do seu salário, que tanta falta lhes faz, na maior parte dos casos, para protestar, o que, só por si, tem um significativo que esta gente, sempre disponível para diminuir tudo o que cheire a contestação ao poder, não entende. Estas são as “greves gerais” possíveis numa Europa caduca, seja em França, na Grécia ou em Portugal. Não têm por objectivo a tomada do poder. Mas são momentos de exercício da liberdade e da cidadania; são momentos de defesa da democracia e direitos elementares. É isso que incomoda este governo (e outros) e os seus apaixonados defensores. Inútil é quem não se defende e não protesta contra este estado de coisas.

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publicado às 14:00

CONFERENCIAS DE IMPRENSA DIÁRIAS?

por Tomás Vasques, em 25.06.13

O ministro das Finanças já falou hoje, e disse, antecipando o anúncio do INE, na próxima sexta-feira, que o défice público oficial do primeiro trimestre, pode ficar acima dos 10% do produto interno bruto – repete-se: 10%.

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publicado às 18:19

PEÇAM DESCULPA AOS PORTUGUESES E DEMITAM-SE..

por Tomás Vasques, em 25.06.13

Já ninguém ignora a falência a que este governo tem conduzido o país, a economia e a maioria dos portugueses. O desastre é de tal monta que, ontem, quatro confederações do patronato, a da Agricultura, a da Indústria, a do Comércio e Serviços e a do Turismo” vieram a público avisar que o governo ainda está a tempo de “salvar o país da recessão e do abismo”, mas para isso tem de “reconhecer, com humildade, que algo falhou”. Isso nunca irá acontecer, nem a alteração de rumo, nem a humildade de reconhecer o falhanço. O governo, por estes dias, encontra-se na fase do desnorte total. Descredibilizados os desastrosos resultados obtidos pela “estratégia” de Vítor Gaspar, o governo ficou a andar à nora, sem saber o que fazer para além de insistir nos despedimentos de funcionários públicos e cortes e mais cortes. Todos os dias aparecem ideias soltas. Paulo Portas pede para se repor o IVA da restauração nos 13%, no próximo Orçamento, depois de o terem aumentado contra a opinião generalizada de quem sabia os danos que iria causar num segmento económico importante. Agora, depois de milhares de pequenas empresas encerradas e dezenas de milhares desempregados, querem voltar atrás. O deputado do PSD Miguel Frasquilho pede a redução do IRS, a partir de Janeiro de 1914. Andam todos envergonhados com o que fizeram a pedir que se faça o que lhes disseram para não fazer. É muita irresponsabilidade e incompetência junta. Se a política tivesse um mínimo de ética, o governo – todos os seus membros, ministros e secretários de Estado – convocava uma conferência de imprensa e dizia apenas: “ Falhámos. Pedimos desculpa aos portugueses. Apresentamos a nossa demissão”.

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publicado às 12:05

EM ALCOBAÇA, NADA DE NOVO.

por Tomás Vasques, em 24.06.13

"Já assistíamos a um despudorado lavar de mãos de muitos autarcas do PSD que se envergonham dos resultados das políticas executadas pelo partido pelo qual concorrem, escondendo na sua propaganda eleitoral o símbolo do partido, o que não abona nada a seu favor, nem da hombridade política e da transparência que é devida aos eleitores. Agora, no Mosteiro dos monges de Cister, o governo, também quis lavar as mãos, como Judas, da política do “daqui ninguém sai vivo” de Vítor Gaspar. Para tal, ensaiou a transferência do protagonismo político, nos próximo dois anos, de Vítor Gaspar para Paulo Portas e Poiares Maduro, acentuando ainda mais a irrelevância do primeiro-ministro, senão mesmo do PSD. Paulo Portas, a coordenar a “reforma do Estado”, forneceu a “nova” estratégia política do governo para os próximos dois anos, através das medidas que constam na sua moção ao congresso dos centristas, uma agenda para o “crescimento económico”: reposição progressiva dos rendimentos de funcionários públicos e pensionistas, desagravamento progressivo do IRS e da sobretaxa, aumento do salário mínimo nacional. Poiares Maduro, com o seu ar desempoeirado, ficou responsável pela estratégia de coordenação política e comunicação, onde irá repetir, à saciedade, em conferências de imprensa diárias, as palavras “consenso”, “credibilidade”, “esperança”, “sempre fiéis à verdade”.

Mas, sejamos realistas: esta “mudança” de política ensaiada em Alcobaça, uma falcatrua para eleitor ver, uma peça de teatro mal ensaiada, vai sair furada para mal dos nossos pecados. Não há uma única medida do governo que altere o rumo traçado desde o primeiro dia. O que se aproxima até ao fim deste ano e durante 2014 são despedimentos aos milhares na função pública, são cortes de mais de quatro milhões de euros na despesa do Estado, o que corresponde, no essencial, a uma transferência dessa despesa para os cidadãos, que provocarão ainda mais retracção económica e mais desemprego, mais défice (já se negoceia com a troika nova flexibilização nas metas do défice para este ano e o próximo), mais dívida externa, mais pobreza e miséria. Esta é a linha de rumo que está traçada e, quanto a isto, não há estratégia de comunicação de Poiares Maduro que alivie a rota de descalabro traçada, nem promessas de Paulo Portas que nos salvem."

 

Em Alcobaça, nada de novo.

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publicado às 09:09

MUITOS ABANÕES, PRECISAM-SE!

por Tomás Vasques, em 21.06.13

Estive a ler extractos de uma entrevista do governador da Bahia, Jaques Wagner, do PT, sobre a onda de manifestações que inunda o Brasil. Evocou a sua luta contra a ditadura, mas revela não perceber bem o que está a acontecer agora e a dimensão da “crise de representação política” que está subjacente, ao dizer que os “protestos atrapalham a democracia”. É exactamente ao contrário: a democracia enriquece-se sempre que é questionada a sua anquilose. Esta cegueira que atinge toda a classe política, tanto no Brasil, como em toda a Europa, tanto à direita, como à esquerda, acomodada a um “jogo democrático” formal, (ora agora governas tu, ora agora governo eu), gerou o divórcio com os cidadãos e provocou uma profunda crise de representatividade e de descrédito dos políticos e da actividade política. O futuro das democracias passa por estes protestos, por ondas de choque provocadas pelos milhões de cidadãos maltratados pelo poder político que os devia representar (protestos que tardam a surgir, com pujança, numa Europa envelhecida e resignada ) e não pela classe política instalada, essa sim, a corroer a democracia.

 

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publicado às 22:30

NÃO HÁ COICIDÊNCIAS.

por Tomás Vasques, em 20.06.13

Alberto João Jardim é um leitor atento do Blasfémias. "É insustentável o direito à greve" - diz o social-democrata madeirense.

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publicado às 14:35

HIGIENE DEMOCRÁTICA.

por Tomás Vasques, em 20.06.13

Quando numa sociedade democrática, um partido político investe furiosamente contra o Tribunal Constitucional, os Sindicatos e a Lei da Greve – pilares fundamentais da democracia - é sinal, mais do que suficiente, para perceber que esse partido não está preparado para governar em democracia. É uma questão de higiene democrática apressar a queda de um governo dirigido por esse partido – o PSD.

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publicado às 10:36

´ARRIVISTAS E IGNORANTES.

por Tomás Vasques, em 19.06.13

Com toda a lisura e educação que me são permitidas, nestas circunstâncias, digo-vos que os deputados do PSD que perguntaram ao ministro da Educação: “Quanto custam os sindicatos dos professores”  estão neste momento a “tomar no cu”.

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publicado às 19:04

É PRECISO TER MUITO CUIDADO COM ESTA GENTE.

por Tomás Vasques, em 19.06.13

"Quanto custam os sindicatos dos professores" - pergunta a JSD dois dias depois da greve dos professores. Sejamos claros: 1) eles não querem saber quanto custa a actividade sindical. A pergunta apenas reflecte o revanchismo anti-democrático que passa por esta tropa de choque; 2) as juventudes do nacional-socialismo alemão, no começo dos anos 30, muito antes da noite dos cristais, faziam perguntas deste género nos dias de sofrimento da República de Weimar. Não há que ter medo de fazer comparações, porque elas têm fundamento, e sabemos como tudo aquilo acabou.

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publicado às 17:03

O BRASIL ESTÁ A DESPERTAR?

por Tomás Vasques, em 19.06.13

No Brasil, uma pujante e jovem classe média descobriu a rua como forma de fazer ouvir as suas reivindicações e preocupações. Os dados de um estudo divulgado pela Folha de São Paulo ajudam a perceber de onde vem o descontentamento: jovens, sem preferências partidárias, maioritariamente estudantes e licenciados, que participam pela primeira vez em manifestações de rua. As redes socias assumiram (assumem) um papel importante na comunicação e mobilização. No caso concreto, as motivações assentam num sentimento de injustiça social: aumentam bens essenciais, como os transportes públicos, que afectam todos os brasileiros, enquanto se esbanjam milhões de milhões em estádios de futebol e a corrupção na classe política é o pão nosso de cada dia. A luta contra a carestia de vida rapidamente se transforma em luta política. Este é mais um sinal, como outros por esse mundo fora, de que as gerações mais jovens estão atentas e exigem mais participação dos cidadãos nas sociedades democráticas, mais transparência e seriedade no exercício do poder político, mais justiça social e bem-estar. É um bom sinal. O poder do dinheiro tem subvertido as democracias, sugando-lhe a alma e deixando apenas a forma, e tem corrompido o poder político, quer em sentido estrito, quer em submissão aos ditames do poder financeiro. Nas principais cidades do Brasil, por estes dias, há uma juventude que não se conforma com este estado de coisas.

 

(foto: manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo).

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publicado às 10:55

ESTAMOS AINDA NA FASE DE METER PÓLVORA NO BARRIL.

por Tomás Vasques, em 18.06.13

Nicos Anastasiades, presidente do Chipre, escreveu uma carta a pedir aos líderes da zona euro e ao FMI que reformulem as condições do resgate àquele país porque “a economia está a ser conduzida para uma profunda recessão, o que leva a um crescente desemprego e uma consolidação fiscal cada mais difícil. (…) Exorto-vos a rever as hipóteses de forma a dar a Chipre e ao seu povo uma perspectiva viável para o futuro". Nós, portugueses, como os gregos, estamos a percorrer este caminho há mais tempo. Não há apelos, nem cartas que salvem os povos do sul da Europa da ganância dos “mercados” e da classe política que os ampara sem mudanças radicais, que restitua a soberania e a dignidade aos Estados, por via eleitoral ou na sequência de inevitáveis explosões sociais. Estamos ainda na fase de meter pólvora no barril. Depois não vão faltar fósforos por todo o lado.

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publicado às 18:45

GATO ESCALDADO DE ÁGUA FRIA TEM MEDO.

por Tomás Vasques, em 18.06.13

 

A moção de estratégia ao congresso do CDS-PP, que tem como primeiro subscritor Pires de Lima, contém as linhas mestras do programa eleitoral do partido de Paulo Portas às próximas legislativas, sejam em 2014 ou em 2015: reposição progressiva dos rendimentos de funcionários públicos e pensionistas, desagravamento progressivo do IRS e da sobretaxa, aumento do salário mínimo nacional. Esta moção da direcção do CDS-PP está em linha com a sua estratégia bipolar: estar no governo e na oposição, ao mesmo tempo. Espezinhar funcionários públicos e pensionistas nas decisões do conselho de ministros e no parlamento e dizer que está contra tais medidas na sede do partido e nos corredores ministeriais. Ao mesmo tempo, pisca o olho ao PS (fim da austeridade, retoma da econonomia e do emprego). Como gato escaldado de água fria tem medo, pode ser que lhes saia o tiro pela culatra. Aguardemos.

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publicado às 13:30

SAÚDE EM PLANO INCLINADO..

por Tomás Vasques, em 18.06.13

 

Como não podia deixar de ser, as políticas de austeridade do governo estão a provocar sérios danos na saúde dos portugueses, sobretudo nos mais idosos. O Relatório do Observatório Português do Sistema de Saúde, que será apresentado hoje, na Gulbenkian, conclui através de estudos e inquéritos que cerca de 30% dos inquiridos, com mais de 65 anos de idade, da Área Metropolitana de Lisboa, deixaram de utilizar alguns recursos de saúde por não poderem comportar os custos, “sendo que, destes, cerca de 60% referiram a consulta particular, 48% a medicina dentária, 47% referiram a aquisição de óculos e aparelhos auditivos e 25% serviços públicos de saúde de primeira necessidade”. Outros estudos apontam para um aumento de 47% de tentativas de suicídio e de 30% dos casos de depressão registado numa unidade local de saúde. Estes resultados são apenas a ponta de uma drama que vai piorar nos próximos anos, não só nos grandes centros urbanos, mas sobretudo nas zonas do interior. Mas, certamente, nas folhas de Excel do ministro das Finanças este é um indicador positivo: quanto mais cedo morrerem, mais se poupa nas reformas.

PS. O "trocadilho" do título original não era perceptível.

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publicado às 08:38

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