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É evidente que a coordenação e, sobretudo, a coesão política da coligação que nos governa dependem de Paulo Portas e de Passos Coelho. A criação, ontem, de um Conselho de Coordenação da Coligação composto por figuras de segundo ou terceiro plano partidário, sem competência para coordenar o que quer que seja, para além de ridículo, é um “número de circo” destinado apenas aliviar a pressão do Conselho de Estado de hoje. Na coligação nada se alterou. No país sim. Houve uma alteração qualitativa nos últimos 15 dias. Só que Paulo Portas e Passos Coelho ainda não perceberam o que se está a passar e continuam a fazer teatro.
Todos os dias nos dizem que o Estado não tem dinheiro para manter o nível de “bem-estar” em que vivíamos. E dizem-nos, os arautos de “todo o poder aos mercados”, que “os cortes nas reformas são e serão inevitáveis”. Se assim é, o que tenho dúvidas, seria normal ler nos jornais, por exemplo: «governo não paga pensões de reforma acima de 3 mil euros». Mas não. O que leio nos jornais é: «Fisco ataca reformas de 500 euros». Do mesmo modo, pensam “eles” que é através da redução até ao osso dos salários que a economia poderá voltar a “crescer”. Opção errada. Não é necessário voltar a ler Germinal, de Émile Zola, ou ver os Tempos Modernos de Charlie Chaplin, para saber o que vem aí. Por este caminho, mais ano, menos ano, vai provavelmente voltar tudo ao princípio: o Estado vai ter de tomar conta de ocorrência, acabando com o regabofe da “iniciativa privada” e do “lucro”. Não correu bem da primeira vez, pode ser que corra da segunda.