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Cavaco Silva está a agir com a frieza tumular que caracteriza o seu modo de actuar em momentos destes. Primeiro disse, preto no branco, que se fosse necessário mais sacrifícios deviam ser pedidos a quem ainda não contribuiu para este esforço nacional. Passos Coelho ignorou-o e, a 7 de Setembro, carregou sobre os mesmos. Achando que não era altura de falar, Manuela Ferreira Leite veio à televisão, de forma clara e dura, exprimir a opinião de Cavaco Silva. Passos Coelho ignorou de novo Cavaco Silva e na entrevista de ontem não recuou um milímetro. Cavaco vai ouvir os parceiros socias na segunda-feira e convocou o Conselho de Estado para sexta-feira – sinal da dimensão da crise política que Passos Coelho abriu. Há aqui dois braços de ferro do primeiro-ministro: um – o mais fácil de resolver - com Paulo Portas, o parceiro da coligação; outro, mais difícil, com Cavaco Silva, que no passado já mostrou que quando o ignoram não perdoa. Aguardamos os resultados destes braços de ferro: se Passos Coelho recuar nas medidas já anunciadas, sobretudo na TSU, deixamos de ter, politicamente falando, um primeiro-ministro em Portugal e passamos a ter na chefia do governo um quarto membro da Troika e um grupo de assessores a quem chamam ministros; se Passos Coelho não recuar deixamos de ter presidente da República e “parceiro de coligação”, o que deixará a defesa da democracia directamente nas mãos dos portugueses. Podem encontrar uma solução de meias-tintas para mitigar o conflito institucional que está em cima da mesa mas, de qualquer forma, a prazo, a seita neo-liberal que se apoderou do PSD e do governo tem os dias contados. Mas ainda pode fazer muito mal aos portugueses e a Portugal.