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Por estes dias, o país político parece um manicómio. Pouco mais de um ano depois do actual governo ter tomado posse, percebe-se – percebe cada vez maior número de portugueses – que esta equipa governativa, por incompetência e obsessão ideológica, agravou substancialmente os problemas com que Portugal já se debatia. O memorando inicial acordado com a troika, porque se tratava de um produto de “falcões” financeiros, deveria ser cumprido no seu limite mínimo, para bem dos portugueses e da nossa economia. O governo assumiu, desde o primeiro momento, o radicalismo de “ir além do memorando”, avançando pelo caminho mais fácil: sacar tudo o que pudesse sacar aos portugueses, sobretudo aos mais necessitados. Os resultados estão à vista. A economia desfaz-se. O consumo interno cai a pique. As empresas desaparecem. O desemprego aumenta. Em suma, maior pobreza, menos receitas fiscais, mais défice orçamental. A cegueira de uma Direita revanchista impediu-os de ver as consequências do caminho que trilharam. O desastre é tão grande que, mesmo com a troika a conceder mais tempo, e a aligeirar as metas, as medidas de austeridade não têm fim. Entrámos num círculo da loucura: mais austeridade para tapar os “buracos” orçamentais, o que provoca mais “buracos” a exigir mais austeridade. Este governo já não consegue sair deste círculo em que afundou Portugal. Daí a desorientação que marca estes dias. Vítor Gaspar já não sabe o que diz. Enumera “medidas necessárias” para 2013 e meia dúzia de horas depois, pressionado pelos próprios deputados da coligação que nos governa, diz que pode aliviar algumas dessas medidas; para a seguir dizer que ainda faltam “medidas” para alcançar o deficit deste ano que está nos 6% e é necessário vir para os 5%. Paulo Portas entra em “reflexão” e consulta os órgãos políticos do seu partido. A indignação popular e a revolta em relação às injustiças deste governo já não vão recuar. Tirar dinheiro a quem trabalha para o dar aos patrões foi a gota de água que desmascarou definitivamente este governo. Este governo já é um cadáver. Está à espera de ser enterrado. Esperemos que o velório não dure muito tempo.
“A guerra é a continuação da política por outros meios” – avisava o general prussiano von Clausewitz, numa altura em que os povos europeus serviam de carne para canhão nos campos de batalha, da França napoleónica à Rússia czarista. Mas a guerra não é a única manifestação da política por meios violentos. O empobrecimento implacável e sem escrúpulos, num curto espaço de tempo, planificado ao milímetro, de milhões e milhões de europeus, sobretudo no sul do continente, da Grécia a Portugal, da Espanha a Itália, é de uma violência própria dos tempos de guerra. A política que está a ser aplicada, por meios violentos, tem um objectivo claro: criar um gigantesco exército de desempregados, de famintos disponíveis a vender a sua força de trabalho quase a troco de comida, aterrorizados e sem direitos. Dificilmente poderá ser dada resposta adequada a esta política de terror, a esta política de ruptura, sem provocar outras rupturas. Vivemos tempos de rupturas. Já nada virá a ser com era. Desenganem-se.