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A Gina, de apelido Rinehart, é australiana. Dizem as revistas da especialidade que é a mulher mais rica do mundo. Herdou do paizinho um grande negócio mineiro, é também accionista de uma das três maiores redes de televisão australianas, e tem a maior parte das acções do segundo maior grupo de jornais do seu país. A Gina, cuja fortuna pessoal se estima em 25 mil milhões de euros, travou batalhas judiciais com quase todos os membros da sua família, incluindo os filhos, para controlar sozinha os negócios herdados. É exageradamente anafada, pouco dada a modas e a eventos sociais, segundo as notícias, atributos completamente irrelevantes para o caso. Relevante é que ganha 500 euros por segundo. Repito, para que não pareça uma gralha: 500 euros por segundo. As notícias não pormenorizam se estes proventos entram só durante o “horário de trabalho” ou se o contador não pare mesmo quando está a dormir. Ora, a Gina, a semana passada, num artigo de jornal, pediu ao governo australiano que baixasse o salário mínimo dos trabalhadores australianos – quantia à volta dos 500 euros por mês (agora, não é por segundo é por mês). E aos pobres deixou no seu escrito um conselho: “não sejam invejosos, e deixem-se de lamúrias, fumem e bebam menos, passem menos tempo com os amigos e trabalhem mais”. Compreende-se a preocupação da senhora: os trabalhadores das suas minas, depois de um dia passado nas catacumbas a adquirir silicose e outros males, por 500 euros mensais, às seis da tarde, querem vir à superfície, e ir para casa descansar ou curtir as mágoas da sua penosa existência com um grupo de amigos à volta de uma cerveja. Nesta altura, a Gina deve começar a dar gritos estridentes, e entra em histeria convulsiva, assim entre os orgasmos múltiplos e a epilepsia, ao ver a máquina registadora deixar de tilintar. Por muito menos, uma outra Gina, noutros tempos, a Maria Antonieta, perdeu o colar de pérolas que lhe embelezava o pescoço esguio.
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