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Encontro por aí muita gente desmemoriada, incapaz de se lembrar do que se passou há meia dúzia de dias, quanto mais há meia dúzia de anos. Não se lembram da festa de arromba que fizeram, com gritinhos histéricos e gargalhadas esgazeadas, revirando os olhos, quando o primeiro-ministro que antecedeu este que nos governa andou a vender computadores na Venezuela. Já nem se lembram da galhofa que fizeram (meteu foguetes e corridas a apanhar as canas) quando Hugo Chávez se dirigiu a Sócrates de braços abertos, e disse: «Meu amigo José». Agora, os desmemoriados, aplaudem aos saltos, como baratas tontas, quando o ministro dos negócios estrangeiros deste governo e líder do CDS-PP anda pela China a vender camisas, sapatos, vinho e azeite. E desfizeram-se em orgasmos múltiplos quando tomaram conhecimento que o responsável do Partido Comunista da China pelas relações políticas com dirigentes políticos de partidos estrangeiros recebeu o líder centrista na sede do PCC, referindo-se a Paulo Portas, nos cumprimentos, em primeiro lugar, na sua condição de dirigente do CDS-PP. A República Popular da China, que constrói o socialismo em direcção ao comunismo (como está escrito e aprovado no último congresso: «o objectivo final do Partido Comunista da China é a realização do comunismo. Os Estatutos do Partido determinam: O Partido Comunista da China toma o marxismo, leninismo, pensamento de Mao Tsedong, teoria de Deng Xiaoping como guia de acções.») sabe tecer a teia em que enleia esta Direita europeia sem vergonha. Os seus mordomos que por aqui vegetam, sem memórias, nem memória, é que devem andar muito desorientados.
O Diário Económico antecipa, na sua edição de hoje, a síntese de execução orçamental de Julho, que a Direcção Geral do Orçamento vai divulgar durante o dia. As notícias não são boas. As receitas fiscais estão cada vez mais longe do previsto, sendo o desvio da cobrança do IVA cada vez maior. Já é admitida uma derrapagem de 3 mil milhões de euros. É obra! E com a despesa a crescer, lá se vai o objectivo do défice para este ano, a grande batalha deste governo. A receita da austeridade «custe o que custar» (e para além do memorando com a troika), apresentada como o caminho para a «redenção», está falida e o governo bem pode limpar as mãos à parede. Quanto mais austeridade, maior o desastre; quanto maior o empobrecimento da «classe média», mais nos aproximamos de Atenas.