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Amanhã há Greve. Não é greve geral, nem nada que se pareça. É uma greve convocada pela CGTP e vai mobilizar
parte dos trabalhadores do Estado e de empresas públicas, sobretudo na área
dos transportes. A greve nos transportes públicos paralisará, necessariamente,
partes de outros sectores de actividade, provocando uma maior dimensão. Apesar
disso, a greve de amanhã é a resposta possível ao massacre social a que assistimos,
com uma política de austeridade violenta para os mais frágeis e o compadrio e a
reverência com os mais fortes, sejam empresas privadas, como a EDP, sejam os
particulares do jet set laranja que
auferem remunerações pornográficas, enleando as suas actividades profissionais
entre o Público e o Privado, como Catroga ou Borges. Participei na minha
primeira greve há mais de 40 anos – a 10 e 11 de Novembro de 1969 -, que terminou,
às 4 horas da madrugada do segundo dia, com uma companhia da GNR armada até aos
dentes, com viseiras e espingardas Mauser engatilhadas, chaimites e
cães-polícia, a expulsar os grevistas do seu local de trabalho. Nessa altura a
greve era proibida pela ditadura e os riscos e consequências da participação
numa greve eram enormes: desemprego, prisão e o mais que eles quisessem. Hoje,
participar numa greve contra o actual estado de empobrecimento da maior parte
dos portugueses não é só um direito, é sobretudo um dever.