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Os socialistas portugueses estão numa encruzilhada. Como também o estão, cada um com as suas especificidades locais e históricas, os socialistas espanhóis, gregos e os trabalhistas ingleses, e, de um modo geral, a Internacional Socialista, cujo presidente é George Papandreou, o deposto primeiro-ministro grego, o que por si já diz muito. Esta encruzilhada, no caso português, não deriva tanto do facto do PS, enquanto governo, ser um dos subscritores do acordo com a troika e, por isso, enquanto oposição, estar “amarrado” às severas medidas de austeridade e de empobrecimento da maioria da população portuguesa. Tem mais a ver com a ausência de soluções novas para a situação que Portugal e a Europa enfrentam, desde que a senhora Merkel se assenhoreou da União Europeia e o capital financeiro começou a marcar o ritmo da política e da acção dos diversos governos europeus. Hoje, não chega ao líder da oposição, como no passado aconteceu, esperar apenas pelo desgaste do governo, para o substituir, nas próximas eleições, usando a fórmula de Durão Barroso: “Sei que vou ser primeiro-ministro, só não sei quando” ou a outra fórmula mais genérica: “estar no sítio certo, no momento certo”. Deixar passar o tempo, alimentando o dia-a-dia com críticas avulsas, desconcertadas e tímidas, à espera que o poder lhe caia nas mãos, como fruto maduro a cair da árvore, foi chão que deu uvas. E não me parece demagógico interpretar os resultados da última sondagem, em que o maior partido da oposição, o PS, perde umas décimas em relação à anterior, num contexto de autêntico massacre social, como um sinal seguro de que lhe é exigido mais do que a rotineira e politiqueira “oposição”.
Ler também o que diz sobre o assunto Medeiros Ferreira.
Agora, com os resultados à vista, já «toda a gente» começa a encontrar erros no primeiro plano de resgate da Grécia. Jean-Claude Juncke disse a um jornal: «Penso que não nos focámos suficientemente sobre a dimensão do crescimento. Insistimos muito sobre a consolidação orçamental, sem ser deixada outra alternativa ao Governo então liderado por Georgios Papanderou». Também Poul Thomsen, líder da missão do FMI em Atenas, aponta as falhas às imposições da troika, e disse: «O programa era muito baseado sobre o aumento dos impostos, quando deveríamos ter colocado mais ênfase sobre a redução da despesa pública» – o que revela preocupação com a profunda recessão provocada pelas receitas da troika e as suas consequências. Muito provavelmente, daqui a uns meses, estão a dizer o mesmo sobre Portugal. O «custe o que custar» dos bons alunos vai conduzir Portugal no caminho da Grécia.