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Otelo Saraiva de Carvalho está hoje, outra vez, nas bocas da comunicação. O coronel acha que as Forças Armadas devem «actuar» face à «perda de soberania nacional» e derrubar um governo que resulta de eleições, evocando uma nebulosa representatividade popular das Forças Armadas. Sabemos, há muitos anos, que Otelo tem esta estranha forma de pensar a democracia, mas a ascensão de soluções antidemocráticas, à esquerda ou à direita, resulta directamente da crise em que a Europa mergulha e das soluções para a superar. Foi assim numa Europa flagelada pela crise de 1929. Pode ser assim, também, nesta Europa sem rumo. Até porque a actual crise do sistema ainda está no início da derrocada. O empobrecimento das populações, o desemprego e a miséria só agora se começam a sentir. E cada vez mais as soluções antidemocráticas em toda a Europa, sobretudo nos países do sul, terão mais espaço de manobra e acolhimento junto de quem não tem nada a perder. A austeridade cega, «custe o que custar», que recai sobre os mais frágeis, é a mãe de todos os devaneios anti-democráticos.