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A Irlanda tem uma
incontornável norma constitucional que obriga a referendar toda e qualquer
transferência de soberania, pelo que, o pacto orçamental europeu, de inspiração
alemã, vai a votos na Irlanda. A vitória do «não» pode afastar os irlandeses do
euro; uma vitória do «sim» acrescentará mais legitimidade e estabilidade às
medidas do governo. Seja qual for o resultado, a Irlanda continua a ser um dos
únicos países do Euro e da União Europeia (e às vezes o único, como no caso
presente) a consultar os seus cidadãos sobre decisões importantes da
«construção europeia». O que constitui um exemplo a seguir.
Mariano Rajoy diz que é «um suicídio» cumprir a meta do deficit (4,4%) traçada pela União Europeia para Espanha, em 2012. E vai pedir a Bruxelas que situe aquele valor acima dos 5%. Rajoy viu a adesão às manifestações convocadas pelos sindicatos há uma semana e viu, também, como uma carga policial, completamente desajustada, sobre estudantes, em Valência, se transformou num grande protesto nacional. O chefe do governo espanhol sabe o que diz quando fala em «suicídio», se aumentar as medidas de austeridade, num país com mais de 5 milhões de desempregados. Ele sabe que o «custe o que custar», à moda portuguesa, pode custar muito caro. Prefere, antes, ser um «mau aluno» do que atirar a Espanha para o caos social.
A «engenharia financeira» à volta do segundo resgate à Grécia, no montante de 130 mil milhões de euros, aprovada esta madrugada, em Bruxelas, demonstra que a «receita» da austeridade «custe o que custar», seja na Grécia, seja em Portugal, conduz, inevitavelmente, a um beco sem saída: empobrecimento cego e para lá de todos os limites admissíveis da população, profunda recessão; quebra de receitas fiscais, desinvestimento, privado e público, aumento assustador do desemprego e por aí fora até à bancarrota total. Sabendo isso, os credores privados aceitaram um «perdão» da dívida no valor de 107 mil milhões de euros, através da troca de mais de metade dos actuais títulos de dívida por outros com taxas de juro significativamente mais baixas (2% até 2014, 3% entre 2015 e 2020 e 4,3 % até ao fim do prazo previsto de 30 anos). Também o Banco Central Europeu e os bancos centrais nacionais aceitaram transferir para a Grécia as mais-valias realizadas com os títulos de dívida grega que adquiriram ao abrigo do programa de estabilização do euro. É muito tímida, ainda, esta solução, mas é este o caminho: fazer diminuir drasticamente os elevados proveitos que os credores obtêm com os títulos das dívidas soberanas em vez de sugar até à miséria mais descarada as populações e arrasar as respectivas economias.
Vejam o CV deste jovem deputado do CDS-PP que afirmou, na sexta-feira, que os funcionários públicos «que não concordam com maior mobilidade dos trabalhadores do Estado podem negociar a rescisão de contrato» e avaliem em que mãos entregamos este país.
A JSD vai apresentar, ao ministro Miguel Relvas, 35 medidas visando diminuir o desemprego jovem. Se apresentassem uma ou duas medidas, eu acreditava na boa fé dos proponentes, ainda que não acreditasse nos efeitos práticos. Assim, apresentar um conjunto de 35 medidas, retiradas de um cardápio de inutilidades - tralha que é apresentada em todos os programas eleitorais das «jotas» para enganar papalvos -, revela que, se deixarmos, a próxima geração de dirigentes partidários será ainda pior do que a actual.
Nesta altura do campeonato, alguns deputados do PS decidiram declara guerra a Espanha por causa de uma festa em Olivença. É caso para dizer: não corram atrás de foguetes.
Rajoy reeleito líder do PP com 97 por cento dos votos - como diria o João Gonçalves, Kim Il Sun não conseguiria melhor.
Perante esta pergunta pertinente de Paulo Pinto Mascarenhas e considerando os factos objectivos em processos judiciais, prisões preventivas e acusações o «e não só» é a maior parte: Isaltino Morais, Duarte Lima, Dias Loureiro, Oliveira e Costa…. Não vale apenas entrar nas suposições, nas compras de acções e outras divagações. Falar em socialistas é apenas uma obsessão.
O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, disse hoje, em resposta a uma carta aberta da Associação de Oficiais das Forças Armadas:«Quem fala em nome das FA são as chefias». Sem querer comparar as situações, relembro que foi mais ou menos isto que Marcelo Caetano disse, quando as chefias militares - a «brigada do reumático» - lhe foi transmitir o seu apoio poucos dias antes do 25 de Abril.
Somos testemunhas de um tempo de profundas
transformações, ainda sem fim à vista, como outras gerações testemunharam
guerras horrendas e holocaustos. Enquanto isto se torna cada vez mais evidente, os partidários da aplicação das violentas medidas
de austeridade que se abatem sobre os portugueses «custe o que custar», como
disse o senhor primeiro-ministro (escapam sempre os mesmos), andam eufóricos,
com se lhes tivesse saído a taluda. E já afloram, nas entrelinhas, que quem
assim não pensa é comunista, num raciocínio político muito semelhante aos que
circulavam nos velhos tempos do senhor de Santa Comba Dão. Batem palmas ao fim
dos feriados, à diminuição dos dias de férias, à supressão dos subsídios dos
funcionários públicos, à facilitação dos despedimentos, ao fim de prestações
sociais e por aí fora, como se os visados estivessem na origem da profunda
crise do sistema. Para acabar de adubar o caldo, só falta a esta esquizofrenia exigir
a nomeação de um coronel que de lápis azul em riste trate dos opositores e lhes
negue a palavra, a liberdade de resistir a esta paranóia liberal.
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Em
Espanha, a Direita prepara-se para revogar a lei do aborto. Em Portugal, a
Direita, através de um deputado do PSD, já começou a insinuar essa pretensão, ao
avançar com a necessidade de «um balanço aos resultados da aplicação da lei». A
Direita espanhola pode revogar a lei no Parlamento; a Direita portuguesa não
pode. A lei portuguesa resultou da vontade expressa directamente pelos
portugueses num referendo. E só pela mesma forma poderá ser alterada ou
revogada.