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A Europa desmorona-se, a cada dia que passa, às mãos de quem a dirige
politicamente – uma direita conservadora, ultra liberal, com epicentro em
Berlim, e um ajudante de campo em Paris. A Grécia, a quem foi aplicada uma dose
cavalar de empobrecimento, em curto espaço de tempo, está nos cuidados
intensivos, como não podia deixar de acontecer. Só ainda não lhe desligaram a
máquina dos euros com receio do contágio da doença a economias mais «pesadas»
como a Espanha e a Itália, senão mesmo a França, mas já avançaram com a ideia
peregrina de o país de Sócrates, Platão e Aristóteles se deixar ocupar
pacificamente pelos «bárbaros do Norte» - os germânicos -, os quais se mostraram
disponíveis para lhes gerir o Orçamento de Estado a troco do apoio financeiro. Portugal,
onde se aplica a mesma receita que tão maus resultados tem dado, está na calha,
entre as urgências e os cuidados intensivos, apesar do ministro das Finanças,
de vez em quando, em momentos de alucinação, falar em «ponto de viragem»,
quando se sabe que precisamos de novo «resgate», ainda mais volumoso, para não cairmos
na bancarrota; a Espanha, com mais de 5 milhões de desempregados, está a
percorrer o mesmo caminho, para não falar na Itália. Nos últimos dois anos, sob
a batuta alemã, tudo foi feito para chegarmos aqui. E o que é caricato, nesta
situação, são as vozes de quem não vê um palmo à frente do nariz, aqui dentro
de portas, a pedir mais austeridade, mais empobrecimento dos portugueses, mais horas
e dias de trabalho e menos férias, menos contestação sindical e mais cortes nas
despesas sociais essenciais, que ao Estado compete assegurar.
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