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Otelo Saraiva de Carvalho disse, em Novembro, uma tonteria qualquer sobre uma hipotética revolta militar. Não passou de uma mera opinião. O Ministério Público, a pedido de «um grupo de cidadãos», abriu um «inquérito» às declarações do militar na reforma.
Os tempos estão difíceis mas, confesso, ver restabelecido o delito de opinião ainda não estava nas minhas previsões.
Porque razão quase todos os bloguistas que apoiam o actual governo vieram à Praça defender a decisão de Alexandre Soares dos Santos?
Vai para aí um alarido de monta à volta de Soares dos Santos, accionista maioritário do Pingo Doce, por ter sediado a propriedade das suas acções na Holanda. É uma decisão de boa gestão de um grupo económico, já que a legislação comunitária o permite. Aliás,
17 empresas do PSI-20 já anteriormente tinham tomado tal decisão sem que tamanho burburinho se levantasse. A dimensão da indignação (o que revela muitas indignações submersas à espera de factos e ocasiões que as tragam à superfície)
tem a ver mais com Soares do Santos, do que com a decisão que tomou. O accionista principal do Pingo Doce passou, pelo menos, o último ano de vida do anterior governo, em repetidas aparições televisivas, a assumir uma postura política oposicionista, mais do que empresarial, pretendendo representar o «interesse nacional», exigindo sacrifícios a todos a torto e a direito, e a pedir que se metesse os madraços na ordem. Ao fugir desta maneira, revelou o seu carácter e a sua indisponibilidade para fazer os sacrifícios que os outros – os trabalhadores dependentes – têm de fazer. Perdeu a face – esta é a principal origem da justa indignação que por aí explodiu. Foi o «julgamento» de alguém que andou a assumir-se publicamente mais como político, do que como empresário.
Como os cidadãos, em democracia, podem reagir colectiva ou isoladamente, cá por mim, Pingo Doce NUNCA MAIS|