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1. Não é preciso ser pessimista crónico ou arauto da desgraça, para vislumbrar no horizonte a decadência da Europa, o empobrecimento dos povos europeus, a começar pelos países com economias mais frágeis, como Portugal e a Grécia, e a atingir, mais cedo do que tarde, a Espanha, a Itália e outras economias de maior dimensão e robustez. Estamos a ser testemunhas de um virar de página, de uma inexorável mudança de paradigma e, provavelmente, do desfazer da União Europeia e da União Monetária às mãos de um «situacionismo» político que envolve todos os que defendem o «projecto europeu», liberais, democratas-cristãos e socialistas. Daqui para a frente, aos bocejos, a par de uma insuportável carga fiscal, avançamos para a precariedade do emprego, os baixos salários e os despedimentos fáceis e sem custos para as empresas; redução dos dias de férias; elevado desemprego de longa duração e sem qualquer apoio social; reformas às portas da morte com pensões que mal dão para pagar a renda da casa e a electricidade – enfim, o empobrecimento da maioria da população até um limite ainda por saber. Vivemos, neste momento, um período de transição, em que a ilusão de se perder o menos possível do «modo de vida» adquirido nas últimas décadas marca a passividade e a expectativa. É a tentativa de passar pelos pingos da chuva sem se molhar e acreditar que o pior só atingirá o vizinho. Se, ao menos, os sacrifícios que são pedidos se integrassem num plano de recuperação da União Europeia, valiam a pena. Mas não é assim: nem os povos europeus se querem casar para toda a vida, nem os dirigentes políticos querem apostar tudo nesse casamento.