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Cavaco Silva afirmou, no seu discurso de tomada de posse, a 9 de Março, não ser possível pedir mais sacrifícios aos portugueses. Passos Coelho, dois dias depois da apresentação do PEC IV, a 14 de Março, fundamentava a sua rejeição porque os portugueses não suportavam mais subidas de impostos. Depois de 5 de Junho descobriram, presidente e primeiro-ministro, que havia uma crise europeia e internacional, que sempre ignoraram, e que, afinal, se tem de pedir mais sacrifícios aos portugueses e subir os impostos. Este é o PEC I do novo ciclo. Vamos começar a contá-los e numerá-los.
A deputada Heloísa Apolónia, depois de 6 anos a dizer o mesmo, no seu estilo de varina, ainda não lhe passou pela cabeça desmemoriada, que o seu partido, que ela própria não sabe bem qual é, se o PCP, se um imaginário PEV, não ganhou um voto nas duas últimas eleições legislativas.
Pinto Balsemão (SIC) e Paes do Amaral (TVI) estão contra a privatização da RTP. Há gente filiada na esquerda e, sobretudo, na extrema-esquerda que são da mesma opinião. Por motivos diferentes, obviamente. Mas, no fundo, o resultado final é o mesmo.
A Grécia está em chamas. Os paninhos quentes que lhe atiram para cima, sob a forma de austeridade, são altamente inflamáveis. O Euro e a União Europeia não vão escapar ao incêndio. Todos assobiam para o lado, como se não fosse nada com eles.
É com agrado que se regista a chegada ao mercado editorial de uma nova editora de livros infantis – a GATO NA LUA – da responsabilidade de Paulo Monteiro, ex-responsável da área de edição infanto-juvenil da Ambar
Passos Coelho aproveitou a ocasião para anunciar que passava a viajar, na Europa, em classe turística. A medida, que se aplaude, não se compreende se não for acompanhada pela extensão da regra a todos os organismos do Estado e empresas públicas. Não faz sentido entrar no mesmo avião o primeiro-ministro e um administrador de uma empresa pública, o primeiro viajar em turística e o segundo em executiva. E, aproveitando a boleia, devia o governo decidir, antes de aplicar qualquer medida de agravamento da vida dos portugueses, um pacote de desengorduramento do Estado. Só assim se compreenderá que a decisão de viajar em classe turística não foi um número à Sócrates.
Leio no Expresso que Gabriela Canavilhas, ex-ministra da Cultura, se recusou a passar a pasta a Francisco José Viegas, com o argumento de que o novo titular da pasta era secretário de Estado. Para além da deselegância pessoal, a pianista mostrou até ao último dia que não tinha envergadura para o desempenho do cargo.
Dizem os jornais (Marcelo Rebelo de Sousa e José Pacheco Pereira, também) que a maçonaria se movimentou para a eleição de Fernando Nobre como presidente da Assembleia da República. A ser verdade, e a ter conseguido votos, sobretudo na bancada do PS, significa que o número de deputados do PSD que não escolheu Nobre é significativo. Será que a exclusão da eleição do presidente do Parlamento do acordo político PSD/CDS-PP não resultou de uma combinação, entre os dois partidos, destinada a impedir a eleição de Nobre?
Assunção Esteves vai ser a nova presidente do Parlamento, com a particularidade de ser a primeira mulher eleita para aquele cargo, o que é importante. A votação vai ser esmagadora, comparada com as duas votações de ontem. Pedro Passos Coelho deve ter aprendido a lição, com esta historieta de Fernando Nobre, que constituiu uma grave ofensa aos deputados eleitos para a Assembleia da República (mesmo sabendo que são de nomeação partidária) e, consequentemente, uma ofensa à democracia, uma negociata pré-eleitoral que trocava a disponibilidade para integrar as listas de deputados pelo cargo de presidente da Assembleia da República. Foi um episódio triste, quer para Fernando Nobre (cuja inabilidade se tolera), quer para Passos Coelho (cuja inabilidade nos assusta).
Neste momento, quando se contam os votos no Parlamento, numa segunda eleição, só Passos Coelho e Paulo Portas sabem o que combinaram fazer a Fernando Nobre. É o triunfo do tacticismo político.
Aconteça o que acontecer em relação à eleição de Fernando Nobre, esta é já a primeira derrota de Passos Coelho, mesmo antes de tomar posse.
Nesta história da eleição de Fernando Nobre só há duas hipóteses: ou Paulo Portas está a fazer cobranças extras: vai disponibilizar os seus deputados aos bocejos ou Passos Coelho pediu a Paulo Portas que o ajudasse a acabar com Fernando Nobre. Começa a ganhar corpo a segunda hipótese. Se a coligação que nos vai governar seguir o caminho desta eleição de Fernando Nobre para presidente da Assembleia da República estamos tramados.
Estou convencido que Paulo Portas já designou os 8 deputados do seu grupo parlamentar que permitem a eleição à primeira de Fernando Nobre presidente da Assembleia da República.
A partir de amanhã temos um novo primeiro-ministro e um novo governo. Um governo que resulta da vontade dos portugueses e que será suportado, no parlamento, por uma maioria absoluta. Não vai ser um governo simpático; antes pelo contrário. Está obrigado, desde o primeiro dia, a aplicar um duro programa de medidas de austeridade – o programa contido no memorando de entendimento com a troika, rubricado pelos dois partidos do governo e pelo maior partido da oposição. Programa que, mal ou bem, foi discutido durante uma longa campanha eleitoral. O facto de caberem num comboio os portugueses que o leram na íntegra não belisca minimamente a legitimidade democrática que o sufragou a 5 de Junho. No entanto, não haja ilusões. Não nos devemos esquecer que se inicia agora a mudança de padrões de vida e de comportamentos de consumo da maioria dos portugueses. A resistência a essa mudança é incontornável. Ninguém quer mudar para pior. Por isso, o êxito ou o insucesso deste governo nos próximos três anos (admitindo que, neste lapso de tempo, a União Europeia não se desmorona) vai depender, em grande parte, de como souber estabelecer o equilíbrio entre a necessidade de obtenção de resultados (com a aplicação das medidas de contenção de despesas e de aumento de receitas do Estado, como se exige no dito memorando) e a contestação social e política que a aplicação de tais medidas vai provocar. Não terá um minuto de folga. Estará permanentemente entre a prestação trimestral de contas a inspectores externos, a começar já em finais de Julho, e as manifestações, greves e outros protestos que, naturalmente, se adivinham. Da actuação deste novo governo nos próximos dois anos depende se nos vamos ver gregos ou não.
Escrevi já há algum tempo que, para mim, o que interessava era que existisse uma estratégia cultural, uma política para a cultura. e não um ministro da cultura. Acrescentei, na altura, um pouco irónico, que se um qualquer governo tivesse um estratégia cultural até um director geral servia para a pôr em prática. Fico abismado como gente da cultura, do teatro às artes plásticas, se prendem tanto na história do «ministro». Dignidade, dizem uns; tem assento no conselho de ministros, dizem outros. Tiveram o Pinto Ribeiro e a Gabriela Canavilhas. Adiantou alguma coisa? Quando gente da cultura liga mais aos aspectos formais do que aos aspectos substanciais fico preocupado. O pessoal da cultura é a última reserva que nos resta, sobretudo em tempos de crise. E esperava que reclamassem políticas de cultura e não ministros da cultura. Estarei enganado?