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Há gente que me deixa confundido. As mesmas pessoas que disseram tratar-se de uma vergonha nacional a conferência de imprensa da troika, batem palmas hoje a um senhor inglês que escreveu no Financial Times que não se pode gerir uma união monetária com governantes como Sócrates. Só ajoelham aos pés dos estrangeiros quando lhes convém.
Passos Coelho pede que o próximo dia 5 de Junho seja um «plebiscito» à governação socialista. Francisco Loução pede que o próximo dia 5 de Junho seja um «referendo» ao acordo com a troika. Para mal dos seus proponentes, as eleições de 5 de Junho vão ser uma coisa e outra. Provavelmente, mais ou menos 75% dos portugueses vão votar nos partidos que subscrevem o Acordo, dando a resposta que Louçã merece; quanto ao «plebiscito», são visíveis as dificuldades de Passos Coelho em encontrar mais portugueses que o elejam do que portugueses que votam em José Sócrates. O que é uma derrota antecipada, mesmo em caso de vitória.
Há neste desvario bloquista duas ideias-chave, marteladas até à exaustão, durante o congresso: na primeira, o PS faz parte da troika da direita - Paulo Portas, Passos Coelho e José Sócrates; na segunda, o BE é a "principal alternativa de esquerda", disponível para formar um "governo alargado de esquerda". Esta nova equação política, que se resolve com um governo BE-PCP, expressa a convicção de um crescimento eleitoral espectacular do BE e a derrocada eleitoral do PS. "Começou a viragem", disse Francisco Louçã no congresso, acrescentando que é necessário transportar o triunfo na rua em 12 de Março para as eleições de 5 de Junho. Este congresso do BE ressuscitou o PSR e a UDP. Por este andamento, é muito natural que as eleições de 5 de Junho comprovem as sondagens: uma queda do BE.
A estratégia anterior do BE morreu, em Janeiro, na noite das eleições presidenciais; esta pode morrer na noite de 5 de Junho. E depois, o que irá fazer Francisco Louçã, o mais antigo líder partidário português?