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O BE criou algumas expectativas políticas durante algum tempo. Os seus dirigentes e o núcleo «duro» do seu eleitorado acreditaram que era possível conquistar parte do eleitorado do PS, por um lado, e dividir o PS ao meio, por outro. Acreditaram que podiam vir a ser o partido mais votado à esquerda. Este «sonho» está documentado em entrevistas e declarações de Francisco Louçã. Nas eleições legislativas de 2009, o BE cresceu193 000 votos em relação a 2005, servindo de «urna de voto» a descontentamentos vários com o governo socialista. Foi um crescimento significativo, apesar de ter ficado aquém do que Louçã sonhava. A partir daqui, desta vitória/desaire de 2009, o BE perdeu-se. O resultado das presidenciais foi o princípio da mudança. Apostou forte em Manuel Alegre para atingir os seus objectivos (dividir o PS ao meio e conquistar parte do seu eleitorado). Saiu-lhe o tiro pela culatra: o PS contrariou essa estratégia e apoiou o candidato do BE. O desastre eleitoral nas presidenciais demonstrou inequivocamente que o eleitorado socialista não se revê no radicalismo bloquista. E Louçã, acossado politicamente, recuou. A moção de censura ao governo ou a recusa em reunir com o FMI são exemplos de que o BE passou a disputar o território do PCP. O território ideológico e eleitoral. A sua «vertente» inicial, «socialista e democrática» já deu o que tinha a dar. Não é de admirar, pois, que o PS possa vir a recuperar parte do eleitorado que beneficiou o BE em 2009.