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A democracia portuguesa está a passar um mau momento. Um governo de gestão, que já se disse, antes, não ter competência para autorizar o corte de um povoado de sobreiros, está a negociar, a pedido do presidente da República e do principal partido da oposição, uma intervenção financeira externa de consequências dolorosas para todos os portugueses. Como se isso não bastasse, pela primeira vez, alguém – Fernando Nobre, cabeça de lista pelo PSD em Lisboa – se apresenta às eleições legislativas, não para ser deputado, como já afirmou («não écandidato a deputado, o exclusivo e inequívoco propósito da sua candidatura pelo PSD é presidir ao Parlamento»), mas para ser eleito «directamente» presidente da Assembleia da República, o que é um descaramento a merecer a atenção dos eleitores do distrito de Lisboa. Para ter a noção do desplante, recorde-se que Mário Soares, primeiro-ministro por 3 vezes e presidente da República por 2 vezes, concorreu a deputado europeu tendo, também, por objectivo ser presidente do Parlamento Europeu. Uma vez eleito deputado, fez o que pode, como está na sua natureza política, para ser eleito para o cargo. Não o tendo sido, cumpriu com humildade democrática o mandato de deputado para o qual se tinha candidato. O que se passa com a candidatura de Fernando Nobre é uma degenerescência das regras democráticas.