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A greve sem aviso dos controladores aéreos espanhóis dá bem a medida do sindicalismo nos nossos dias. No caso concreto, trata-se de trabalhadores que ganham uma média de 300 000 euros por ano. Repito: 300 000 euros por ano. Uma situação insustentável para a viabilidade económica de qualquer empresa (ou a delapidação dos impostos pagos pelos contribuintes) que o governo espanhol procurou corrigir. Na acção que desencadearam na sexta-feira, os controladores – uma minoria privilegiada – tiveram o apoio e a simpatia dos sindicatos. Lá, em Espanha; e cá, em Portugal, também. Não admira. Por cá, os rostos do sindicalismo são Mário Nogueira (professor); Ana Avoila (funcionária pública); João Palma (magistrado do MP); António Martins (juiz). O mundo mudou. E mudou muito. Longe vão os tempos em que, por essa Europa fora, os dirigentes sindicais eram operários metalúrgicos ou ferroviários, por exemplo. Hoje, nenhum sindicato mobiliza um operário, um trabalhador mal remunerado para uma greve ou para uma manifestação. Fazem a «festa» com as minorias privilegiadas contra o Estado e contra a maioria dos cidadãos. Mas, há quem (olá Joana Lopes), em nome não se percebe bem do quê, olhe para tudo isto (greves, sindicalismo) com os olhos (e o sentimento) que tinha há 40/50 anos.
Manuel Alegre disse, ontem, na Lourinhã, que «os estados democráticos têm de libertar a dívida soberana dos especuladores e dos mercados financeiros». Como não adiantou a solução, eu sugiro que se instale, na Reboleira, uma tipografia clandestina a imprimir notas de 500 euros.