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Estas coisas se não se afrontam ao começo, propagam-se. Devem, pois, ser amplamente divulgadas.
O general Videla, autor do golpe militar na Argentina, em 1976, e responsável máximo por prisões, torturas e centenas de mortes, foi condenado a prisão perpétua. É uma boa notícia. Sempre que um ditador é condenado pelos seus crimes a democracia é fortalecida.
«É este o estado social: roubar a quem trabalha para dar a parasitas.» Aqui está uma grande frase, provavelmente resultado de uma profunda reflexão. Não é de Francisco Louçã, nem de Manuel Alegre; nem sequer de Jerónimo de Sousa, nem de Carmelinda Pereira.
Em períodos eleitorais, quando o argumentário político não convence, recorre-se muitas vezes a um arsenal bélico que coloque em causa as «mãos limpas» dos adversários. Todos nos recordamos das dívidas a um banco de Francisco Sá Carneiro ou do freeport de José Sócrates. Agora calhou a vez do BPN a Cavaco Silva. Nesta matéria, só me indigno com as enguias que não fazem disto uma questão de princípio, ou seja: escrevem desalmadamente sobre o freeport e varrem para debaixo da mesa o BPN. Cá para mim, que não vou atrás de balelas, ou há moralidade ou comem todos. Eu prefiro a moralidade.
A história das próximas eleições presidenciais reduz-se a saber qual a dimensão da derrota do homem que queria ser presidente.
Já aqui escrevi, em Setembro:
Para Manuel Alegre, enquanto candidato à presidência da República, mais pesada que a derrota eleitoral de Janeiro próximo, foi a estrondosa derrota nas eleições legislativas de Setembro de 2009, há precisamente um ano. O ex-deputado socialista apostou tudo na derrota do PS e num significativo crescimento eleitoral do Bloco. Procurou, ao lado de Louçã, no Teatro da Trindade e na Aula Magna, chamar ao BE os descontes de esquerda com a governação socialista e os órfãos partidários. Não perdeu, então, uma única ocasião para vilipendiar o partido onde sempre se abrigou, ameaçando dia sim, dia não com a formação de outro partido. O sonho parecia simples e exequível: 1) um PS derrotado, em crise e à beira da implosão; 2) um BE forte, com 17 ou 18%; e Manuela Ferreira Leite a dirigir o governo e a aplicar duras medidas de austeridade. Esta era a base de partida para o projecto «venezuelano»: a vitória nas eleições presidenciais e a constituição de um partido socialista unificado, com o BE, destroços do PS e órfãos e descontentes de todas as matizes. O PCP viria a reboque, tal como na Venezuela os comunistas andam a reboque do tenente-coronel e do seu «socialismo do século XXI» – uma mistela ideológica, onde a ambição pessoal ocupa um espaço privilegiado. Raramente a realidade acompanha o sonho. A vitória de José Sócrates nas legislativas e o insuficiente resultado eleitoral do BE esburacaram a urdidura. Agora, apenas assistimos a uma penosa caminhada de Manuela Alegre até Janeiro.
Acrescento:
Para Francisco Louçã, a partir da vitória eleitoral do PS nas legislativas 2009, a ambição política mudou de rumo. Em Janeiro, no dia a seguir a Manuel Alegre ter apresentado a sua «disponibilidade» para ser candidato, Louçã apressou-se a declarar o apoio do BE à candidatura, «amarrando-o» a esse apoio. O objectivo do BE, nesse momento, passou a ser mais reduzido: esperava que o PS apresentasse um candidato presidencial e, por essa via, derrotar, com o seu candidato – Manuel Alegre, o candidato do PS. Isso conferia ao Bloco uma vitória eleitoral sobre os socialistas – um velho sonho de Louçã. O secretário-geral do PS não lhe fez a vontade e deu-lhes (a Louçã e a Alegre) o golpe fatal: apoiou o candidato do BE. Agora, Louçã (já percebeu que foi derrotado) esconde que está, lado a lado, na Comissão de Honra da candidatura de Alegre, com José Sócrates. Como se apagar Trotsky da fotografia adiantasse alguma coisa.
Um estudo realizado pela Braun Research e pela Pfizer Consumer Healthcare, em 15 países europeus, «descobriu» que metade da população activa portuguesa sente-se cansada ou com falta de energia. Não há produtividade que resista a tal cansaço generalizado.
A campanha eleitoral para as presidenciais continua frouxa e sem mobilizar ninguém. Os debates na televisão não ajudam, antes pelo contrário. Normalmente, isto acontece quando há um presidente-candidato. Foi assim em 1996, era presidente Mário Soares e o PSD não apresentou candidato; foi assim, também, em 2001, era presidente Jorge Sampaio e o PSD apresentou um candidato para cumprir calendário: Ferreira do Amaral (que três anos antes tinha sido derrotado nas eleições autárquicas, em Lisboa); é também assim nestas eleições: o PS não apresentou um candidato próprio, limitando-se a dar o seu apoio ao candidato do BE, apenas para cumprir calendário. Não se espere, pois, nenhum aquecimento nesta campanha eleitoral.
Dizem as agências noticiosas que a Pessoa do Ano mais votada pelos leitores da revista Time foi o senhor Assange. No entanto, a revista vetou o nome mais votado e atribuiu a distinção a Zuckerberg, o pai do Facebook. A revista já tinha assumido uma atitude idêntica, em 2001, quando o nome mais votado foi Osama Bin Laden, substituindo-o por Rudolph Giuliani, então autarca de Nova Iorque. Nada de novo.
Num telegrama, de Janeiro de 2007, hoje divulgado, referindo-se a Ana Gomes, o embaixador norte-americano refere um encontro com um assessor diplomático do primeiro-ministro, o qual disse, segundo o senhor embaixador: “É uma senhora muito excitada que é pior que um rottweiler solto”. Já percebi que as cuecas pretas da minha prima Hermenegilda são apenas uma gota de água neste imbróglio de «espionagem» americana. A realidade ultrapassa sempre a ficção.
José António Mesquita, representante da República para os Açores, exerceu – e bem – o veto político ao decreto legislativo regional 33/2010 que aprovou o Orçamento desta região para 2011, o qual atribui remunerações compensatórias para os funcionários da administração pública regional. É óbvio que o representante da República sabe que o PS Açores vai confirmar o diploma na Assembleia Regional, mas esse facto não o impediu de, através do veto, mostrar o seu desacordo, ao contrário do Presidente da República, Cavaco Silva, que colecciona homologações atrás de homologações com as quais não está de acordo. Exemplos mais flagrantes: casamento entre pessoas do mesmo sexo e financiamento dos partidos políticos.