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O governo teve uma oportunidade de ouro para amarrar o PSD ao Orçamento. Desaproveitou-a. Declarações do primeiro-ministro e do ministro Silva Pereira vão no sentido de remediar o erro. Duvido que seja possível. As sondagens são como a geografia: não perdoam. Em momentos delicados não deixem falar Jorge Lacão.
O Jornal O Século foi fundado em 1880, quando as ideias republicanas impulsionavam a escrita de Teófilo Braga, Gomes Leal ou Sampaio Bruno. Dos títulos da imprensa da época, era o jornal de Magalhães Lima o que mais contribuiu para a implantação da República em 1910. Atravessou a crise da monarquia, a I República, o Estado Novo e o 25 de Abril. Tinha quase 1oo de história quando, em 1977, publicou a última edição. Era então Secretário de Estado da Comunicação Social Manuel Alegre.
José Sócrates e Passos Coelho sabem que:
a) se o PSD chegar a acordo com o Governo sobre o OE, o PSD sai prejudicado e o PS beneficiado;
b) se o PSD votar contra o OE, inviabilizando a sua aprovação, o PS sai beneficiado e o PSD prejudicado;
Com estas premissas «adivinha-se» 1) porque razão não se chegou a acordo e 2) qual o voto do PSD na Assembleia da República no dia 3 de Novembro, ressalvando o facto de se saber que, também na política, existem suicidas.
Hoje, às 19 horas, no Museu Militar, será apresentado o romance Vencer ou Morrer ( Editora Objectiva), de Mendo Castro Henriques.
Ontem, quando solicitaram uma opinião ao ex-presidente da República, Mário Soares, sobre uma declaração do actual presidente, Cavaco Silva, aquele disse que não comentava declarações do titular de um cargo que já tinha ocupado. Os ex-ministros da Finanças deviam-se pautar pelo mesmo princípio. Bagão Félix, ex-ministro das Finanças, está na SIC desbragadamente e sem qualquer ponta de pudor a falar de um sucessor no cargo, Teixeira dos Santos. Haja pudor.
O PSD não pode chegar a acordo (já expressei várias vezes esta opinião) com o Governo quanto ao Orçamento do Estado. Mas isso pode não significar o voto contra do PSD. Os social-democratas só precisam de «conforto eleitoral», ou seja, terem as mãos livres para dizer, amanhã, «avisámos que este orçamento provocaria estas consequências. Tentámos alterá-lo, mas o governo não o permitiu». A reunião do Conselho de Estado pode constituir o «conforto» necessário. A questão da aprovação ou não do Orçamento ainda gira à volta da questão de saber quem fica com a responsabilidade política das consequências.
Daniel Oliveira, apoiante de Manuela Alegre, escreve hoje: «Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política.» Sigo o argumento, e escrevo: quando Alegre foi eleito deputado, Daniel Oliveira tinha 6anos. Quando fez 16 anos, Alegre ainda era deputado; quando fez 26 anos, Alegre continuava como deputado; já com 36 anos, Daniel Oliveira ainda viu Alegre como deputado; e comemorou o seu 40º aniversário ainda Alegre era deputado. Se Alegre fosse eleito Presidente da República, Daniel Oliveira corria o risco de já passar o meio século de vida quando o poeta abandonasse a vida política. E não me venha dizer que ser deputado (a que acresce duas vezes secretário de Estado) lhe retira o estatuto do «político profissional com mais tempo no activo». Há argumentos que não funcionam.
O que está em causa na discussão do Orçamento do Estado, entre o PS e o PSD, não é tanto saber se corta aqui ou ali, mas saber quem fica com a responsabilidade das consequências da não aprovação do OE. E, até prova em contrário, nessa corrida, o PS vai à frente.
Na excelente revista de pensamento e debate CARTA, editada pelo museu Reina Sofía, bianual, cujo nº 1 saiu na Primavera deste ano, merece destaque o editorial Pueden los museos ser críticos?, de Manuel Borja-Villel, Director do Museu. Para além da edição em papel, formato 26x36,5, a revista está disponível on-line.
A entrevista de Manuel Alegre ao DN é o retrato do vazio da sua candidatura, sem uma ideia, sem uma linha de rumo, sem uma solução. Nunca o PS deu o seu apoio a um candidato tão mal preparado para o desempenho do cargo. Oscila, sem saber o que dizer (Tenho dificuldade em dizer – diz), entre a reprovação do Orçamento de Estado, para não perder os votos do BE, e a sua aprovação, como mal menor, para não perder os votos de uns quantos românticos do PS. O resultado é confrangedor. Na entrevista não falta sequer a frase preferida de quem está à toa: «tem de haver uma mudança de paradigma». Em Manuel Alegre só vota quem quer ver o BE substituir o PS no xadrez político, a esquerda desamparada e desorientada, e alguns socialistas que têm a certeza que o poeta vai ter uma pesada derrota.
Helena Roseta e Paula Teixeira da Cruz estão, neste momento, na SIC N, com Mário Crespo, a discutir o Orçamento apresentado pelo PSD. É por estas e por outras que Ângelo Correia foi obrigado a concluir, ontem, no mesmo canal, que José Sócrates é imbatível.
Ninguém pára o Benfica. O Benfica voltou a perder. Hoje em Lyon. 3 jogos, 3 pontos, tal como o Braga. Jesus não devia ter vindo tão louro esta época. Acompanho a tristeza dos benfiquistas.
José Serra agredido por militantes do PT.