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As jornadas parlamentar do PSD acabaram com o presidente do partido, Passos Coelho, a ter de apanhar os cacos no discurso final. O estilo Joe Berardo (recentemente, apresentou como solução para a saída da crise: «Nacionalizar tudo e começar tudo de novo») está a fazer escola. Cada um dos convidados dos deputados social-democratas disparou para onde quis e lhe apeteceu esburacando o cenário montado.
Luís Campos e Cunha não esteve para meias medidas. Num momento de particular sensibilidade democrática, propôs uma quota de «deputados não-eleitos» a conferir aos partidos políticos para seu belo uso e prazer. Assim como quem atribui um subsídio de representação para almoços. Mas não se ficou por aqui. Propôs também a representação do voto branco por «não-deputados», ou seja, por lugares vazios nas bancadas de S. Bento. Diz quem assistiu que o devaneio gelou os parlamentares social-democratas. Não era para menos, apesar da tarde escaldante.
Depois, Manuel Villaverde Cabral, outro dos convidados, mostrou-se agastado com a passividade do PSD face à «Frente Popular» constituída pelo PS, PCP e BE, em torno das eleições presidenciais, e aconselhou mesmo os social-democratas a derrubarem de imediato o Governo. Incluiu nesta cumplicidade Cavaco Silva e, avisou, que se não lhe seguirem o conselho o PSD será cúmplice da vitória da Frente Popular.
Por fim, veio Hernâni Lopes colocar a cereja em cima do bolo. Disse o Professor que nunca mais o país sairá da cepa torta enquanto o Governo não reduzir os salários da Função Pública em, pelo menos 20%.
Todas estas originalidades programáticas nas jornadas parlamentares do PSD, introduzidas pelos convidados, obrigaram Passos Coelho a dar por terminado o «namoro» com o governo e com o primeiro-ministro e a recusar dançar outra vez o tango no Orçamento de 2011 e do Bloco Central. Esta recusa não esconde que o PSD ainda anda a «apalpar» qual o rumo a seguir se vier a ser governo. Daí a criteriosa escolha dos convidados. Mas, até lá, ainda tem de se desfazer da proposta de Hernâni Lopes que se colou que nem lapa ao programa do PSD.
(Publicado no Aparelho de Estado).