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Os deputados da Nação que constituem a Comissão Parlamentar de Inquérito ao «caso» PT/TVI têm passado uns dias animados. Neste momento, depois de Henrique Ganadeiro ter afirmado, hoje, que «Se Zeinal foi "o pai", eu fui a “pílula do dia seguinte”» ficaram ocupados a tentar perceber quem foi, afinal, a mãe disto tudo.
Está a ser montado o altar para a missa a celebrar por Bento XVI no Terreiro do Paço. Seja para uma missa, seja para um concerto o cenário é espectacular.
Há por aí comentadores que, mal uma agência de rating abre a boca, ajoelham-se: «Portugal na falência», «Casa em ruínas» e outras frases, mais ou menos dramáticas, mais ou menos bombásticas, servem de títulos a crónicas que não resistem mais do que um dia. Já ninguém se lembra, por exemplo, que a Standart and Poor`s classificou, em Setembro de 2008, a Lehman Brothers com a classificação máxima e sem lhe atribuir uma única perspectiva negativa. Não sei o que a agência não conseguiu ver, mas a Lehman Brothers faliu meia dúzia de dias depois da notação da Standart and Poor`s. Circulam por aí muitos pescadores de águas turvas.
«Frente ao Barcelona, com onze é difícil, com dez é feito histórico. É a derrota mais bela da minha vida.»
José Mourinho, esta noite em Barcelona.
O governo propôs aos parceiros sociais a redução do subsídio de desemprego, limitando o máximo a 75% do valor líquido da remuneração de referência. Esta medida irá agravar as dificuldades de muitas famílias. Ao mesmo tempo vai tornar menos «atractivo», para muitos, viver «à custa do Orçamento». Contudo, estas medidas deviam ser acompanhadas de outras que permitissem o entendimento de que a factura está a ser distribuída por todos. Por exemplo, fixar a taxa de IRS sobre rendimentos acima de 150000 euros anuais acima dos 50% ou reduzir para metade a frota de carros atribuídos a titulares de cargos públicos, quer no Estado, nas autarquias e empresas públicas. Assim, todos percebíamos o esforço em dividir o mal pelas aldeias. Com o Estado a gastar como se nada fosse e a fechar os olhos a situações de regabofe, não é possível entender as medidas que aí vêm. Sobretudo as que ainda não estão previstas no PEC. O Benfica ganhar o campeonato não chega para suster o sentimento de injustiça social.
As agências de notação andam a brincar ao «monopólio». Qualquer dia lixam-se: apertam tanto a corda que ela parte e, daí em diante, ninguém paga nada a ninguém.
Wiretaps: Eminent danger from Spam Cartoon on Vimeo.
Directed by João Fazenda; Script by Spam Cartoon; Animation by Estrela Lourenço; Sound Design by José Condeixa; Produced by João Paulo Cotrim and André Carrilho.
A Feira do Livro de Lisboa abre amanhã, 29 de Abril. Desde a sua primeira edição, em 1930, tem subido a colina. Começou no Rossio, ali à boca do Chiado, onde se concentravam os Livreiros. Subiu um pouco mais e passou para a Avenida da Liberdade. Finalmente assentou arraiais no Parque Eduardo VII. Este ano, prometem-nos uma boa festa do Livro. Por exemplo, de segunda a quinta-feira, entre as 22h30 e as 23h30, há livros com 50% de desconto. E música ao vivo, durante a semana, das 21h30 às 22h15. E muitos autores, portugueses e estrangeiros, a autografarem as suas obras. Vamos aproveitando este ritual à volta do Livro impresso, enquanto os e-books não nos estragarem a Festa.
(Na imagem, do Arquivo Fotográfico de Lisboa, o General Carmona inaugura a Feira do Livro, em 1935).
O quiosque do "senhor Oliveira" – uma autêntica instituição da cidade – pintado por nagashima – um pintor japonês que se apaixonou por Lisboa, antes do jardim do Príncipe Real ter sido alvo de profundas transformações, assim como quem pincela a acrílico por cima de um óleo do século XIX.
Há quem tenha a «certeza absoluta» que Deus existe; há quem tenha a «certeza absoluta» que Sócrates mentiu; há quem tenha a «certeza absoluta» que a selecção de futebol de Portugal vai ganhar o Mundial da modalidade. A Comissão Parlamentar de Inquérito é isto mesmo: um território de Fé.
Aguiar-Branco, de cravo na lapela, descobriu ontem que Lenine é do povo, não é de Moscovo. Que lhe faça bom proveito – a ele e ao seus – tão iluminada descoberta.
Para quem, como eu, não professa nenhuma religião, a vinda a Portugal do Bento XVI, o chefe máximo dos católicos, é um acontecimento de menor importância que o próximo Mundial de Futebol. Sei, pelos jornais, que o dirigente religioso que nos visita, em Maio, está a atravessar um mau momento por supostamente a sua Igreja ter encoberto, durante décadas, actos de pedofilia praticados por padres, bispos e afins em quase todos os países do mundo. Como sei, também, que se discute, no Vaticano, a origem de tais práticas: o celibato ou a homossexualidade. E sei, ainda, que grupos de cidadãos portugueses querem distribuir preservativos à saídas das missas a celebrar pelo Papa e outros preparam-se para participar nesses rituais com bandeiras negras em sinal de protesto pelas posições e pelos desmandos do clero de obediência romana. Acho bem. E até acho pouco. Há quem leve isto à conta de anti-clericalismo militante. Assim seja. Mas não me venham dizer que o que vale na contestação ao poder político não vale para o poder eclesiástico. Fico com os nervos em franja quando vejo uns meninos de missa do galo arranharem a garganta a gritar contra a corrupção, por exemplo, e a assobiarem para o lado quando lhes falam em padres e bispos pedófilos. A tratar gente eleita democraticamente como foragidos, enquanto beijam o rabinho ao clero, como se os primeiros fossem filhos de prostitutas, e os outros filhos da virgem Maria. Aqui, entre nós, humanos, ninguém foi concebido sem «pecado». Se quiserem benesses, tenham paciência, aguardem a chegada ao «reino de deus».
Peixe-cão? O Francisco? O Francisco – um senhor liberal à moda antiga – diverte-se com isso. Ele sabe que quem desce a terreiro dizer o que pensa se sujeita a que lhe atirem pedras. Mas voltará sempre ao terreiro. E não teme que lhe mordam a mão que deu alimento.
Sou contra esses interrogatórios sem limites de tempo de todas as maneiras e feitios. Isso é de tempos antigos que eu não quero ver restabelecidos.
Mota Amaral, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito.