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Os resultados eleitorais nas regionais francesas quase apagaram o partido do senhor Sarkozy do mapa político regional (tudo indica que desaparecerá totalmente na 2ª volta). Vitória esmagadora dos socialistas franceses. O partido Ecologista de Daniel Cohn Bendit passou a 3º partido mais votado. O partido comunista e a extrema-esquerda obtiveram resultados muito modestos.
Apetece-me escrever mais algumas linhas sobre o significado da norma estatutária aprovada no Congresso do PSD que sanciona a liberdade de expressão. Mas contenho-me porque sei que não é bonito perante uma ferida meter o dedo e escarafunchar. Mas há por aí muita boa gente que merece que se escarafunche até sangrar.
O Convento de Mafra ficará para sempre ligado à asfixia democrática. Uma maioria qualificada de delegados ao Congresso do PSD, representando o «sentir» do partido, proibiu a liberdade de expressão aos militantes sociais-democratas: ninguém pode criticar os seus dirigentes. Agora já se percebe melhor o que se tem passado na Comissão de Ética e o que se vai passar na Comissão de Inquérito. A verdade é como o azeite...
O PSD reuniu-se, em congresso, este fim-de-semana. Dos dois dias de trabalhos não saiu nada de significativo, o que já se esperava. Três momentos merecem, contudo, relevância negativa. Primeiro, Marcelo Rebelo de Sousa foi lá e, numa única intervenção, demonstrou que o próximo presidente dos sociais-democratas está muito aquém do que o partido precisa; segundo, o próximo presidente do PSD será um líder de facção e não do partido (foi significativo o momento em que Passos Coelho disse que conhecia Paulo Rangel apenas há dois anos: metade da sala pateou, a outra metade aplaudiu); finalmente, o pior momento: a aprovação de uma norma estatutária que prevê sanções por delito de opinião (sanções aos militantes que discordem publicamente das posições do partido nos 60 dias imediatamente anteriores à realização de eleições). Não sei se Santana Lopes, o proponente de tais sanções, e os delegados que a aprovaram, perceberam bem o alcance anti-democrata da proposta, sobretudo no momento em que o PSD, na Assembleia da República, através da Comissão de Ética, pretende discutir a liberdade de expressão na sociedade portuguesa. Este é um infeliz episódio da reunião de Mafra. Como no PS não existem normas deste quilate, qualquer militante socialista pode continuar a criticar o PEC durante qualquer campanha eleitoral. Muitas vezes, a maior parte das vezes, o PSD fala de liberdade de expressão sem se saber do que fala. A prova está à vista.