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Assistentes de bordo da Air Comet, linha aérea que faliu o ano passado, decidiram fazer um calendário, onde possam nuas, para reivindicarem os salários em atraso. Se a moda pega ainda vamos ver os mineiros de Aljustrel a vender calendários na Suécia.
Diz o Eduardo Graça: Eu confesso a mais completa incapacidade para entender o que se passa com estas remunerações.
Até há pouco tempo, mal Manuela Moura Guedes abria a boca, às sextas-feiras, para ler pela 34ª vez uma qualquer carta de origem londrina, se «denunciava» a impunidade em que vivíamos. Agora, já se reclama o direito à presunção de inocência dos padres. Mas só dos padres? Porquê? Porque a presunção de inocência tem origem no direito romano?
Ricardo Costa, presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes, está na SIC N a explicar as suas interpretações sobre stewards à Ana Lourenço. Filipe Nunes Vicente deve estar, neste momento, em frente da televisão com um caderno de apontamentos na mão. Quando a entrevista acabar tem meio curso de Direito garantido.
Adenda: Acertei na mouche.
Caso dos submarinos portugueses rebenta na Alemanha, notícia o Expresso, citando a revista alemã Der Spiegel. Agora é que Manuela Moura Guedes, se estivesse no activo, tinha pano para mangas.
Saber dos casos de pedofilia, por esse mundo fora, envolvendo padres católicos não me espanta; saber que a hierarquia da Igreja, incluindo o seu chefe máximo, silenciou, ocultou e protegeu os protagonistas de tais casos não me admira; ver a Igreja católica querer desempenhar o papel de guardiã da «moral e dos bons costumes» deixa-me estarrecido. E mais estarrecido ainda fico quando leio, por aí, que expressar a indignação que todos estes casos nos causa é, na melhor das hipóteses, sinónimo de jacobino, anti-clerical e mata-padres. Normalmente, estes epítetos provêm de gente implacável nas suas apreciações sobre outras situações, sobre coisas comezinhas do dia a dia, o que demonstra falta de princípios e incoerência nas apreciações. E não está em causa a fé de cada um. Eu respeito, do mesmo modo, quem acredita que a nossa Senhora de Fátima poisou numa oliveira na Cova da Iria, como quem acredita na democracia em Cuba. Mas o respeito pela fé de cada um não me impede de denunciar os crimes cometidos à sombra da fé.
A Ministra da Saúde reconhece que «são cerca de seis mil os enfermeiros que neste momento estão a trabalhar a um nível inferior aos 1.200 euros" e que o ministério aceita que "todos têm o direito de passar aos 1.200 euros no escalão 1", mas que "garantidamente todos ficarão em três anos com os 1.200 euros". De momento, por “razões financeiras é impossível”. Podia fazer demagogia à Louçã e dizer que os automóveis do gabinete de um ministro (preço de compra, manutenção, combustível e motoristas) dava e sobrava para resolver a situação, mas não vou por aí. Basta bom senso e hierarquização de prioridades em tempos de crise. Não se pode falar em «razões financeiras» quando o Estado esbanja tanto dinheiro diariamente.
A eleição de Pedro Passos Coelho, como presidente do PSD, vai produzir um efeito secundário na vida política portuguesa muito significativo: o comportamento do Presidente da República. Cavaco Silva, até Maio de 2008, durante o primeiro governo de José Sócrates, como estratégia política, apostou na «cooperação institucional» com o governo. Esta postura alterou-se radicalmente após a eleição de Manuela Ferreira Leite para presidência do PSD. A partir desse momento, o objectivo político para o inquilino do Palácio de Belém passou a ser a vitória do PSD nas legislativas de 2009. De imediato, Cavaco Silva desfez a «cooperação institucional» à volta da aprovação do Estatuto dos Açores, que atingiu um ponto alto com a convocação de uma conferência de imprensa, interrompendo as férias, a 31 de Julho.
Ler mais no Aparelho de Estado.
Hoje no Avante, Anabela Fino, referindo à votação do PEC, na Assembleia da República, escreveu: «os deputados do PSD e do CDS/PP não deixarão de se juntar aos do PS para aprovar o que dizem ser inaceitável, prática corrente na política nacional a provar que não é por acaso que existe o ditado «ouve o que eu digo, não vejas o que eu faço». Afinal, na votação os deputados do CDS/PP juntaram ao PCP. Se Anabela Fino tivesse uma pinga de decoro, na próxima quinta-feira explicava-nos esta irmandade. Mas, eu sei que vai passar pelo tema como cão por vinha vindimada.
O PEC foi votado na Assembleia da República, obtendo os votos a favor do PS, a abstenção do PSD e os votos contra do CDS, PCP/Verdes e BE. Fiquei sem perceber quem se sentiu mais incomodado no momento da votação: se Paulo Portas que se levantou, exprimindo o seu voto contra, ao mesmo tempo que Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã; ou se Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa que se levantaram ao mesmo tempo que Paulo Portas. Não é todos os dias que a extrema-esquerda se faz acompanhar por Paulo Portas.
Ainda uma referência à intervenção de Manuela Ferreira Leite: esteve concentrada nos seus méritos e nas suas razões durante a campanha eleitoral de Setembro de 2009, e concluiu: o PCEC é uma imposição de Bruxelas a todos os países que se portaram mal. Foi uma intervenção de despedida, um adeus, qualquer coisa do tipo: ainda ninguém sonhava com a crise e já nós dizíamos o que devia ser feito. Fala em sentido de responsabilidade e diz que vai deixar passar a coisa, apesar de não se identificar com ela. Esta conversa não pega. Recebeu poucas palmas da sua bancada. Não admira, amanhã há novo líder.
A partir daqui, as intervenções destinam-se a encher chouriços. Na votação, o PSD parece que se vai imolar no altar que o actual grupo dirigente erigiu a Cavaco Silva. Passemos à frente, pelo menos até às presidenciais. Até lá temos a visita do Papa, o Benfica campeão e o Mundial de futebol.
Bernardino Soares, em nome do PCP, dá a orientação: vá pedir o dinheiro a quem nos meteu na crise; vá pedir ao sector financeiro; não peça a quem é vítima da crise.
O deputado do Bloco de Esquerda sintetiza a sua posição: a direita perdeu as eleições, mas ganhou a política.
Responde Teixeira dos Santos e pergunta a Miguel Frasquinho: as medidas mais gravosas do que as de este PEC que estão a ser tomadas na Grécia, em Espanha, no Japão, na Irlanda, também são culpa de José Sócrates? Aguarda-se a resposta.