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A Ana Cristina Leonardo compara José Sócrates a Goebbels, a propósito de uma recente declaração do primeiro-ministro. É uma comparação de efeito fácil. Tão fácil que me permite repetir: nada de novo no reino da propaganda. Portanto.
A 9 de Outubro de 1904 nasceu a ideia da construção de uma capela de devoção a Nossa Senhora do Monte, localizada no majestoso anfiteatro da cidade do Funchal. A 1ª pedra foi lançada em 1906 e, a Capela, foi concluída no final do mesmo ano. Esta Capela desapareceu na enxurrada de Sábado passado. É preciso avisar o procurador do Ministério Público que abriu um «inquérito» visando «processos-crime por falhas no ordenamento do território».
— Quem é? — Perguntou a avozinha.
— Sou a sua netinha Capuchinho Vermelho — disse o lobo, disfarçando a voz. — Trago-lhe um bolo e um boiãozinho de manteiga que manda a minha mãe. (…)
- Avó, porque tem as orelhas tão grandes?
— São para te ouvir melhor, minha neta.
— Avó, porque tem uns olhos tão grandes?
— São para te ver melhor, minha neta.
— Avó, porque tem uns dentes tão grandes?
— São para te comer.
E, dizendo estas palavras, o lobo mau saltou da cama para comer o Capuchinho Vermelho.
Ainda se procede à procura das últimas vítimas mortais da tragédia na Madeira e já o magistrado do Ministério Público na Madeira se meteu em bicos de pés. Declarou à comunicação social que mandou abrir «um inquérito às circunstâncias das mortes na Madeira pode revelar indícios para abrir processos-crime por falhas no ordenamento do território.» É evidente que ninguém de bom senso acredita que este «inquérito» se concretize, mas também não foi esse o objectivo do magistrado do Ministério Público. O único objectivo foi a ânsia incontida do Ministério Público em «fazer» política e de «aparecer» na comunicação social. Caso contrário, abria o «inquérito». Ponto. Alberto João Jardim chamou canalhas a todos os que se querem aproveitar politicamente da trágica situação. Com toda a razão.
Em Portugal há alguns tipos de crimes, cujos autores sabem, à partida, que estão impunes. A violação do segredo de Justiça é um desses tipos de crime. Ontem, a coordenadora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida, falou na possibilidade de magistrados virem a ser alvo de escutas telefónicas para melhor combater o crime de violação do segredo de justiça. João Palma, presidente da direcção do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, sentiu-se incomodado com a possibilidade e remeteu para hoje uma posição pública sobre a entrevista. Aguardo, com curiosidade, essa «posição pública». Ou será que se vai deixar cair no silêncio?
(Adenda: o Sindicato dos Magistrados já reagiu: «A Direcção do SMMP lamenta profundamente aquelas declarações, e afirma a sua firme convicção na seriedade, no empenho e na competência da generalidade dos magistrados do ministério público deste país, negando-se, sequer, a admitir que possam ser responsáveis pela violação do segredo de justiça». Sublinhe-se «da generalidade».
Marques Mendes, ex-presidente do PSD, disse: «Hoje instalou-se na sociedade portuguesa um clima de suspeita. Suspeita de promiscuidade entre poder político e poder económico e empresarial, para além de uma suspeita, que eu considero injusta, de que há cumplicidade entre as altas instâncias da justiça e o poder político». Isto é verdade. Mas, estas declarações, são mais do que um jogo de snooker. Trata-se de bilhar às três tabelas: é conversa para o interior do PSD.
O vendaval que resultou da publicação de «escutas» supostamente relacionadas com a tentativa de compra da TVI pela PT e do «plano» para o controlo da comunicação social trouxe, paradoxalmente, consigo o funeral da propalada «asfixia democrática». Nas últimas 2 ou 3 semanas multiplicaram-se as declarações que atestam a saúde da liberdade expressão e de imprensa em Portugal, o que é óbvio. António Barreto, diz uma coisa elementar: «Se eu quiser falar, escrever e dizer publicamente o que quero, consigo (…) Eu sou capaz de dizer publicamente [que] o Governo está a tentar condicionar a opinião pública, e portanto tenho liberdade de expressão». As relações triangulares entre Governos/Empresas proprietárias de órgãos de comunicação/Jornalistas são, ainda, um território de caça pouco controlado. Mas este é outro assunto.
A histeria de novo, Constança Cunha e Sá, no Correio da Manhã.
Não vi a entrevista de Miguel Sousa Tavares ao primeiro-ministro. Mas, pela amostra, deve ter corrido bem a José Sócrates.
A economia é uma ciência imprecisa, mas reduzir Paul Krugman numa frase (Devo confessar que tenho uma desconfiança de princípio relativamente a quem prefere ter gatos em vez de cães), é de mestre pensador, como diria André Glucksmann.