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Ilda David (1955, Benavente), pintora, gravadora e ilustradora apresenta a exposição Números, constituída por uma série de pinturas recentes, na Galeria de Arte Giefarte (Rua da Arrábida, 54 BC) até 29 de Janeiro.
José Sócrates exigiu ao grupo parlamentar do PS disciplina de voto (com uma ou outra excepção) na votação dos projectos de Lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A favor desta decisão se dirá que os termos e os limites da proposta do PS estavam claros no programa eleitoral, o que pressupõe que os candidatos a deputados ao aceitarem integrar as listas do PS aceitaram esses termos e limites. Compreendo o argumento, mas entendo que a disciplina de voto é sempre um momento de ofensa à liberdade dos deputados eleitos e de diminuição do Parlamento e da Democracia.
«A minha candidatura, se avançar, será anunciada por mim perante os meus apoiantes. Nunca o faria de forma indirecta. Nem sequer conheço o autor. Sei que alguns amigos meus lá colocaram textos mas não dei indicações para nada», disse ao Público Manuel Alegre, assegurando que só hoje teve conhecimento da página do Facebook em que o apresentam como candidato presidencial.
Manuel Alegre é candidato à Presidência da República, tal como se previa desde a noite eleitoral das últimas presidenciais. Já recebi, via Facebook, uma sugestão para ser «fã» de «Manuel Alegre para Presidente da República em 2011». Não me inscrevi com fã, mas por lá encontrei, entre os que são fãs, vários amigos que muito prezo, entre eles o valter hugo mãe, o que revela que a «coisa» é mesmo a sério. Sobre este assunto entrei em período de reflexão.
No Centro de Trabalho do PCP em Serpa não se pode fumar.
(Foto: João Espinho)
… tantos anos a bater bolas para isto, escreve a Cristina.
Escrevi há dias, a propósito da desconvocação de uma greve dos trabalhadores dos hipermercados: «Os sindicatos só se dão bem com professores e funcionários públicos. Quando toca ao sector privado roem sempre a corda.» Pedro Sales insurgiu-se atabalhoadamente contra este enunciado, a partir de uma posição de direita (a mesma adoptada pelos sindicatos e partidos comunistas), segundo a qual os sindicatos roem a corda porque os trabalhadores do sector privado têm medo de fazer greve. Os marxistas viraram Marx de pernas para o ar e, o mais grave, é que acreditam que têm razão. Não são as condições contratuais e laborais («Explorados, mal pagos e tratados como potenciais criminosos no seu próprio local de trabalho», como escreve Pedro Sales)) dos trabalhadores dos hipermercados e outros sectores de actividade a razão da incapacidade sindical. A seguir este raciocínio, os movimentos grevistas do operariado no século XIX e em parte do século XX (incluindo Portugal, onde a prisão, a tortura e o desemprego eram o horizonte), não tinham existido. A realidade é outra: os sindicatos colaram-se às facilidades oferecidas por grupos profissionais tradicionalmente conservadores (professores e funcionários públicos e, em geral, trabalhadores da superestrutura do Estado), sempre disponíveis para defender os seus privilégios corporativos, e que, por dependerem do Estado até que a morte os separe, não correm o menor risco. A influência e a credibilidade do «movimento sindical» estão reduzidas a esses grupos privilegiados e o «movimento grevista» está aí acantonado. Os trabalhadores mais desfavorecidos e, em geral, os trabalhadores do sector privado, sabem que os sindicatos apenas os querem utilizar no quadro das suas agendas político-partidárias. E não alinham, não querem correr riscos por conta de uns burocratas sindicais que apenas respondem aos comités centrais dos seus partido. Depois, sabem também que do seu trabalho resulta o seu salário (o que não acontece com os grupos atrás referidos, cujo salário é pago por todos nós) e que muitas empresas iriam à falência se embarcassem nas aventuras partidárias dos burocratas sindicais,. Não são os trabalhadores das empresas do sector privado que têm medo (posição de direita) de fazer greve; é a agenda partidária dos sindicatos que não lhes dá garantias. O resto, dou de barato, incluindo «os apoiantes mais empenhados na defesa do governo Sócrates», uma «técnica» que vem de longe, do tempo em que quem mexesse era comunista.
A inauguração da «torre Dubai», hoje, a 4 de Janeiro de 2010, merece referência porque, no futuro, vai ser o símbolo da decadência de um modelo que a actual crise mundial matou e que muita boa gente ainda não se apercebeu.
Passam hoje 50 anos sobre a morte de Albert Camus. O autor de O Estrangeiro, nascido na Argélia, continua a ser uma referência literária, política e filosófica de várias gerações. Eduardo Graça, um leitor atento de Camus, fixa aqui uma breve cronologia.
Porque o tempo que passa é propício à «necessidade de descobrir novos caminhos e encetar novas soluções», José Medeiros Ferreira e Joana Amaral Dias prometem, na blogosfera, um Córtex Frontal. Para acompanhar com atenção, sobretudo no ano em que as maiorias não são absolutas e as presidenciais estão à porta.
Com atraso respondo ao meu amigo Nuno Ramos de Almeida – todas as cartas têm resposta –, que achou que eu tinha cometido um deslize fazendo uso de memória selectiva, quando me interroguei se o Avante iria celebrar o 20º aniversário da morte do ditador Ceausescu. Provavelmente pensou que eu me tinha esquecido das «divergências» do ditador romeno com a nomenclatura soviética e das suas «simpatias» por países ocidentais, desde a invasão da Checoslováquia. Mas não se trata de memória selectiva, mas de memória histórica. Depois da queda do muro de Berlim, enquanto símbolo da queda do Império, o PCP começou a «recuperar» tudo o que vem à rede, integrando no «movimento anti-capitalista e anti-imperialista» os seus antigos inimigos viscerais, como o partido comunista chinês. Nessa «linha», Ceausescu foi também uma «vítima» da ofensiva «imperialista» que minou o poder soviético e, consequentemente, devia fazer parte da galeria dos «mártires» da queda do muro de Berlim. Depois, Nuno, nada mais natural para quem tem na parede a fotografia de Kim il Sung I e II (e o PCP não se cansar de mostrar o retrato) não se envergonhe de pendurar ao lado a do ditador romeno ou mesmo a de Pol Pot, um amigo do partido comunista chinês que, por ter chegado ao poder em 1975, já não tive oportunidade de apreciar os seus «êxitos». A história do «movimento comunista internacional» é uma armadilha traiçoeira apenas para quem insiste, como o PCP o faz, na «nobreza revolucionária» do stalinismo.