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O Sporting não estava habituado a ganhar e, ontem à noite, à sexta vitória consecutiva, implodiu:
Escutas a Pinto da Costa foram colocadas no Youtube. Há gente no Ministério Público que já há muito tempo que entrou em rota de colisão com o Estado de Direito (recuso ouvir estas escutas, como recuso piratear filmes na internet).
Hoje ao almoço, na tasca que habitualmente frequento, escutei a conversa dos vizinhos da mesa do lado, clientes de ocasião. Um deles, o mais velho – a roçar os sessenta anos, para menos do que para mais – tinha sido metalúrgico, estava reformado há meia dúzia de meses e explicava ao outro: «Tive sorte. Só consegui a reforma porque o serviço militar no Ultramar contou a dobrar». Adicionou outros pormenores à conversa, como descrever a felicidade que sentia em passar dias inteiros de roupão, sem sair de casa. Às tantas, veio à baila, como é inevitável entre portugueses, o tema das doenças. O outro, mais jovem, disse-lhe: «Tenho que ir fazer exames à tiróide porque ando com uns suores estranhos». Não faço a menor ideia se a tiróide provoca «suores estranhos», mas o meu vizinho de mesa, o mais velho, retorquiu de imediato: «Isso não é nada da tiróide. Eu já tive suores desses e sei qual é o medicamento para isso. Mal chegue a casa telefono-te a dar a marca dos comprimidos. Tens de tomar um de manhã e outro à noite.» O outro agradeceu a consulta gratuita e a conversa seguiu para o Haiti.
A editora Texto publicou em Novembro do ano passado Império Nação Revolução – As direitas radicais portuguesas no fim do Estado Novo (1959-1974), que constitui a parte central da tese de doutoramento de Riccardo Marchi (Pádua, 1974). É interessante seguir o percurso dos jovens discípulos de Alfredo Pimenta, «o intelectual de referência das direitas radicais portuguesas simpatizantes dos fascismos», que se reúnem na revista Tempo Presente, a partir de 1959, atraídos intelectual, política e culturalmente pelo fascismo radical dos anos 30. E vir por aí fora, até aos «nacionalistas radicais reunidos à volta da aversão ao Governo de Marcello Caetano e, sobretudo, à ala tecnocrática liberal cada vez mais influentes no interior do regime» e que publicaram entre 1969 e 1974 a revista Política. Pelo meio, fica a forte ligação dos «nacionalistas radicais» à polícia política, como aconteceu, por exemplo, com o núcleo universitário que se reunia do Café Brasileira de Coimbra, e que deu origem ao jornal universitário o Combate (financiado pelo Governo Civil e com «dispensa de censura prévia»), publicado durante a crise académica de 1962: «numa reunião de Fevereiro de 1964, entre dirigentes da PIDE e um responsável do Combate, é posta à disposição da redacção a imprensa clandestina sequestrada». O livro contém uma bibliografia e um índice onomástico muito útil.
(Publicado aqui)
Pelo que leio por aí a propósito da eleição de um republicano no Estado do Massachusetts, um ano depois ainda há muita gente que tem a eleição de Obama atravessada na garganta, como se fosse uma espinha de bacalhau. Nestas situações aconselha-se engolir miolo de pão. Não sei se alivia, mas o melhor é tentar.
Esta campanha no Haiti não nos está a sair nada bem: primeiro o avião com a ajuda humanitária avaria a meio do percurso e volta para trás; agora o enviado da RTP é evacuado, depois de atingido por uma réplica do sismo. É melhor tentarmos a Somália.
Percorro todos os jornais on-line e não encontro o resultado do jogo do Benfica nos jogos de hoje da Taça de Portugal. O jogo foi adiado? O chinês não teve tempo suficiente para assustar o Sporting, mas as 30 grandes penalidades no Restelo deixaram-me bem disposto.
Hoje, à porta do restaurante, onde de vez em quando me desloquei para fumar um cigarro, um jovem dizia, com ar sereno, ao telemóvel: «Decide tu se é para chorares ou para não chorares. Se é para chorares eu vou aí a tua casa e fazes uns ovos mexidos; se é para não chorares podes vir jantar comigo aqui ao restaurante.» Tanto podia ser uma conversa de desamores, como um drama de qualquer outra natureza, mas o que importa é que a frase é bem esgalhada.
Manuel Alegre disse há dias que a sua candidatura à presidência da República «é uma maçada para quem não gosta». Eu temo que se torne uma maçada ainda maior para quem gosta.
A Japan Airlines, a maior companhia aérea asiática, declarou falência, seguindo um plano de reestruturação que inclui o despedimento de 15 000 trabalhadores e uma significativa redução da dimensão da empresa. É uma má notícia para quem pensa que a «crise» tem fim à vista.
Nasceu a República do Cáustico, um blogue de João Maria Condeixa.
Jaime Bulhosa não acredita nos números da «Fúria Perdida», nem no «Símbolo Divino».
Depois da polémica com o Santo António aproxima a polémica com o São Valentim.
Miguel Abrantes: não foi o PS que ganhou as últimas autárquicas, foi o PSD, inequivocamente. Foi o PSD que ganhou mais câmaras municipais. Por exemplo, a Câmara de Faro foi ganha por Macário Correia – um destacado militante do PSD _, independentemente de ter concorrido em coligação com o CDS-PP. Se ninguém atacar o governo, a democracia vai para o cano de esgoto e estamos todos lixados.
Sobre a tragédia no Haiti não escrevi uma linha, uma palavra. Tudo o que se diga ou escreva é corriqueiro, deslavado, é «jogo» para cumprir calendário ou solidariedade embalada em vácuo. Este texto do Francisco obrigou-me a escrever estas quatro linhas. O texto, não alivia sofrimentos (sobretudo a quem, como eu, já esteve no Haiti), mas aponta o dedo às hipocrisias e aos embustes.