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Será que as sondagens da Católica e da Marktest (que serão conhecidas amanhã) terão ajudado a influenciar a decisão de Cavaco Silva de demitir Fernando Lima? Ou foi mais esta cena de fim-de-semana?
«Se criticam não podem depois vir apoiar Sócrates na última hora», disse Paulo Rangel sobre a presença de Manuel Alegre e Mário Soares na campanha do PS. Mas Paulo Rangel é um desmemoriado que nem se lembrava que tinha sido militante do CSD-PP. Para além de desmemoriado é um catavento que rodopia ao sabor das circunstâncias. É por isso que, hoje, depois da presença de Passos Coelho na campanha do PSD, ainda não disse: «Se criticam não podem depois vir apoiar Manuela Ferreira Leite na última hora». Nem vai dizer, mas o pessoal percebe que Paulo Rangel é um artista de circo. Rangel gosta muito de cuspir para o ar na esperança que o cuspo lhe caia em cima.
Há quem queira ajudar tanto que só prejudica. É o caso de José Manuel Fernandes, director do Público.
A verdade é como o azeite. Por isso, não percebi o que levou Santos Silva a fazer uma declaração sem pés nem cabeça. O pessoal pensa, não precisa de explicadores.
Qual será, hoje, a verdade para a autora desta frase: «Não quero saber se há escutas ou não há. A verdade é que as pessoas sentem que há»?
Hoje é dia 21 de Setembro. É precisamente hoje que se inicia o processo da queda da folha. Daqui para a frente as folhas das árvores começam a perder a energia com que atravessaram o Verão e a mudar a cor (e a vivacidade) com que resistiram ao frenesim das tardes assolaradas. Dentro de pouco tempo acastanham em cada dia que passa e, finalmente, caem. Não há nada a fazer, mas as ventanias (sobretudo as de Agosto) apressam a sua queda. É o Outono.
O presidente da República demitiu o seu assessor para a comunicação social, Fernando Lima, três dias depois do DN o ter apontado como o autor das notícias sobre alegadas escutas na presidência da República. Fernando Lima foi assessor de Cavaco Silva nos X, XI e XII governos constitucionais, entre 1985 e 1995, ou seja, era um homem de confiança. Este facto representa um momento de viragem no comportamento de Cavaco Silva: nos últimos meses empenhou-se no apoio ao PSD e a Manuela Ferreira Leite, correndo o risco de desvalorização do cargo que desempenha (deixou de ser árbitro para ser jogador) e, com este comportamento, comprometer a sua reeleição. Ao demitir Fernando Lima, para além de admitir que este teve um comportamento censurável, Cavaco Silva quer recuperar a imagem de isenção fortemente abalada, tendo em vista o período que se avizinha, depois de 27 de Setembro, mas sobretudo a pensar na sua reeleição daqui a dois anos. Desta história, que prejudicou Cavaco Silva (e que ainda não terminou), há ainda uma outra ilação a tirar: seja do presidente, do primeiro-ministro ou de ministros, com esta demissão, muitas «fontes» vão secar e muitas «encomendas» vão ficar pelo caminho. É uma boa notícia.
Francisco José Viegas dá conta que é já próxima sexta-feira o lançamento de 2666, de Roberto Bolaño – a partir das 23h00, na Livraria Ler Devagar (Lx Factory, em Alcântara, Lisboa).
O livro será posto à venda a partir da meia-noite, juntamente com uma tiragem especial, em papéis diferentes para cada caderno do livro (ou seja, nenhum exemplar destes 150 – que ficarão «fora de mercado» – será igual) e com uma sobrecapa.
Haverá margaritas, «acepipes mexicanos», shots de chili con carne e música (uma banda sonora com mariachis, corridos, polcas e boleros). E extractos do livro serão lidos por Soraia Chaves, Carla Bolito, António Pedro Vasconcelos, José Eduardo Agualusa, José Mário Silva, Tiago Gomes e Carlos Vaz Marques.
A rua de São Bento tem quase tudo. Antiquários e mercearias, talhos e discotecas, Fundações e cabeleireiros, piscinas e pastelarias, restaurantes e Parlamento. Até o governo mora por aqui. Mas não tinha, até à semana passada, uma livraria. Já tem. A Livraria Histórica e Ultramarina (Livreiro antiquário desde 1956) instalou-se no nº 524 da rua de São Bento. Os livros antigos e novos e a qualidade do espaço merecem a visita.
(Na imagem Musica de cama (Antologia erótica) de David Mourão-Ferreira, Editorial Presença, 1ª edição, 1994).