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No mesmo dia somos informados que militares passam a pente fino o palácio de Belém e não encontraram nenhum indício de escutas e, horas depois, esta notícia é desmentida pelo Estado-Maior General das Forças Armadas. Ou os jornais andam num frenesim a inventar notícias ou os assessores do Presidente não descansam, nem ao fim de semana.
Paulo Rangel, naquele seu estilo a meio caminho entre o marialva e o vendedor de taparuéres, disse hoje: «se criticam José Sócrates, se criticam o PS, Alegre e Soares não podem à última da hora apelar ao voto no PS e ao voto em José Sócrates». Rangel, asfixiado pelo PSD (as opiniões criticas não foram admitidas nas listas de deputados) não percebe, coitado, que as criticas de Alegre e Soares a José Sócrates e ao PS são parte da riqueza democrática do PS, o inverso da asfixia democrática em que o PSD se afunda.
O Provedor do Público, Joaquim Vieira, termina hoje a sua análise ao comportamento daquele diário, iniciada no domingo passado, em relação ao «caso das escutas» na presidência da República. O texto é demolidor. Transcrevo os últimos dois parágrafos:
Do comportamento do PÚBLICO, o provedor conclui que resultou uma atitude objectiva de protecção da PR, fonte das notícias, quanto aos efeitos políticos que as manchetes de 18 e 19 de Agosto acabaram por vir a ter. E isto, independentemente da acumulação de graves erros jornalísticos praticados em todo este processo (entre eles, além dos já antes referidos, permitir que o guião da investigação do PÚBLICO fosse ditado pela fonte da PR), leva à questão mais preocupante, que não pode deixar de se colocar: haverá uma agenda política oculta na actuação deste jornal?
Noutras crónicas, o provedor suscitou já diversas observações sobre procedimentos de que resulta sempre o benefício de determinada área política em detrimento de outra - não importando quais são elas, pois o contrário seria igualmente preocupante. Julga o provedor que não é essa a matriz do PÚBLICO, não corresponde ao seu estatuto editorial e não faz parte do contrato existente com os leitores. É, pois, sobre isso que a direcção deveria dar sinais claros e inequívocos. Não por palavras (pois a coisa mais fácil é pronunciar eloquentes declarações de isenção), mas sim por actos.
Manuela Ferreira Leite quer assustar os eleitores com o fantasma (e de um fantasma se trata) de um futuro governo PS-BE; Miguel Portas responde na mesma moeda e quer assustar os eleitores (e também de um fantasma se trata) com um futuro governo do Bloco Central, enquanto José Sócrates liga Manuela Ferreira Leite à extrema-direita. Para acabar de adubar o caldo, Francisco Louça, num comício, em Sintra, cita a torto e direito Manuel Alegre e António Arnaut, como se citasse Lenine e Trotsky. E ainda falta uma semana para nos pregarem mais «sustos».