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Carla Cristina Fernandes é bastonária da Ordem dos Notários. Numa entrevista ao Correio da Manhã diz que, quanto aos notários, a «política do Governo PS retoma a de Oliveira Salazar». E explica porquê: «os notários eram profissionais liberais até 1949. Com o advento do Estado Novo e do dr. Oliveira Salazar, foram transformados em funcionários públicos. Em 2005, voltaram a ser profissionais liberais. Aquilo que se está a fazer é uma renacionalização do notariado.» Mas, no fim da entrevista, desabafa: «Estou muito cansada de ser notária. Estou seriamente preocupada com a viabilidade financeira do meu cartório. Não sei o que vai acontecer ao meu cartório dentro de um ano. Os notários já têm um decréscimo de receitas de 78,38 por cento.» Fiquei sem perceber se a senhora bastonária quer manter a sua actividade como profissão liberal, com os riscos inerentes, ou voltar à «comodidade financeira» do tempo de Salazar.
«É minha obrigação ficar à frente do Bloco e do PCP».
Paulo Portas, presidente do CDS-PP, em entrevista ao Expresso.
Memória passada.
«Em nenhum país civilizado os trotskistas estão a um ponto percentual dos democratas-cristãos»
Paulo Portas, 20 de Fevereiro de 2005.
A frase-chave de MLF, indiciando o espírito da coisa, foi: "Eu não quero saber se há escutas ou não, eu não quero saber se há retaliações ou não, o que é grave é que as pessoas acham que há." Dito de outra maneira: não venham cá com a mania dos factos que o importante é que se ache alguma coisa sobre o assunto. (…)
E o interessante é que a gloriosa frase, além de atestar a marca genética lusa da autora, define uma linha, aponta um rumo, escreve, enfim, um programa eleitoral. Cujo é, sem mais delongas: o PSD vai para a suspeita, depressa e em força. Suspeita é a condensação da frase-chave - é o seu sumo. Daí que eu tivesse deslindado o tal mistério do Verão (ajudado, também, por naquele destapar durante a entrevista, dizendo o programa tão curto que talvez coubesse numa folha A-4). Cabe, cabe. O programa do PSD é isto, numa folha branca, escrito com marcador grosso: "Hmmm..."(…)
Aguiar-Branco, na festa do Pontal do PSD, já tinha dado o mote: "Suspeita-se", disse-o cinco vezes num parágrafo. Pacheco Pereira sintetizou: "Só faltava que fosse proibido falar das suspeitas sobre o Governo." E MLF filosofou com a frase que já referi. Tudo numa semana e como antevisão do programa eleitoral que vai ser: "Hmmm.." E, na Grande Entrevista, MLF avisou que vai ser um programa para cumprir. Suspeito, até, que será cumprido todinho durante a campanha: suspeitas, suspeitas, suspeitas.
Ferreira Fernandes, DN, 23 de Agosto de 2009.