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La histeria iracunda que ha suscitado dentro del proyecto chavista la inminente visita a Venezuela del escritor Mario Vargas Llosa es la evidencia mayor del terror que genera el pensamiento y la creación libres en las filas del autoritarismo.
Es patético. Una cúpula cívico-militar que cuenta con 100.000 rifles kalashnikov puestos a sus órdenes; con cientos de agentes cubanos del G-2 siempre atentos a cuanta cosa hacemos quienes disentimos de Yo, el supremo; con tres o cuatro grupos parapoliciales dispuestos a golpear a quien no piense como ellos; y con buena parte de las policías del país bajo su mando, entra en pánico porque un escritor liberal viene a Venezuela.
Túlio Hernández, El Nacional, 24.05.09.
Neste momento, a uma semana das eleições para o Parlamento europeu, seria «normal» o PSD estar claramente à frente dos socialistas nas sondagens. Por três motivos: primeiro, o desgaste pessoal do primeiro-ministro, debaixo de fogo cerrado durante dois anos, desde a «licenciatura» ao «caso Freeporte; segundo, o natural desgaste do Governo que está a pagar os efeitos de uma crise internacional profunda que deteriora todos os indicadores económicos internos, com especial relevo para o aumento do desemprego; terceiro, para a generalidade dos portugueses os resultados destas eleições não são importantes. Tanto se lhes dá que o PS tenha 8 deputados europeus, como o PSD 9 ou vice-versa. E, assim sendo, é altura de expressar nas urnas descontentamentos sem sofrer consequências. Aliás, é isso que acontece, por exemplo, em Espanha e no Reino Unido: aqui ao lado, o PP, na oposição, aparece com 43% nas sondagens, enquanto os socialistas não passam dos 39%; no Reino Unido, os Trabalhistas estão à beira de uma derrota humilhante. As últimas sondagens colocam o partido do primeiro-ministro Gordon Brown em terceiro lugar, com 16% das intenções de voto, atrás dos nacionalistas do Partido para a Independência do Reino Unido, com 19%, e dos Conservadores, com 30%. Entre nós, surpreendentemente, os socialistas aparecem invariavelmente em primeiro lugar nas sondagens. Se, no próximo Domingo, face às circunstâncias, os socialistas confirmarem a vitória eleitoral anunciada nas sondagens, estamos perante uma das maiores derrotas eleitorais do PSD. Não há volta a dar!
Enquanto por cá, os comunistas portugueses reclamam mais liberdade de expressão, por lá, em Havana, os comunistas cubanos desencadearam uma guerra policial contra as parabólicas clandestinas que permitem ver canais de televisão estrangeiros. A destruição das parabólicas, ou seja, negar aos cidadãos cubanos o acesso à informação, é parte da «luta ideológica contra o capitalismo». O Granma – órgão oficial do PC de Cuba – escreve que é necessário eliminar o «veneno» de alguns canais de televisão estrangeiros. Indigna-me a ditadura cubana, mas também me indigna ouvir os comunistas portugueses falarem em liberdade de expressão.
Há duas coisas que muita gente não entende: primeira, o direito de Manuela Moura Guedes a informar como entende; segunda, o direito de quem não está de acordo com esse «modelo» de informação em a desancar sem dó, nem piedade. Quando perceberem isto, estamos mais próximos da democracia.
Paulo Rangel foi hoje almoçar a convite do American Club. E, no estilo populista e impreciso que o caracteriza, perante o seleccionado auditório, deu-lhe para o devaneio «capitalista», com a mesma «convicção» que em outras ocasiões lhe dá para ser mais «socialista» que a CGTP. Hoje, disse que o governo queria acabar com as escolas privadas, com os hospitais privados e que, depois do PREC, nenhum governo tinha atacado tanto como este a iniciativa privada. Já o ouvimos dizer o contrário (e ele ainda irá dizer outra vez o contrário quando visitar um lar da terceira idade), mas isso não tem qualquer importância. Em cada dia que passa, Paulo Rangel mostra-se cada vez mais um «político» no pior sentido do termo: aquele que tem jeito para mentir, para a demagogia fácil. Não era deste «Paulo Rangel» que alguns dos seus apoiantes – pelo menos alguns que eu conheço – estavam à espera.
Vital Moreira, em Vila Real, ao segundo dia de campanha, virou a agulha contra o BE, deixando o PSD por conta de Silva Pereira. Receia, naturalmente, a fuga de eleitores socialistas para o partido de Louçã, o que, a acontecer, facilitará a vida a Paulo Rangel. O argumento utilizado por Vital Moreira – PCP e o BE «são a mesma coisa», em Estrasburgo, porque integram o mesmo Grupo Parlamentar – parece primário e de curto significado. Mas, na essência, não é. Basta ouvir Louçã, sobre qualquer assunto, nacional ou europeu, para perceber que o PCP e o BE são as duas faces da mesma moeda, numa face «tudo é de todos», na outra «a propriedade é crime». Ambos desejam incendiar a Europa, desde Atenas a Lisboa, para «construir» sobre os escombros a velha Europa do «muro de Berlim», a que chamam, para iludir incautos (sobretudo desempregados, professores que recusam ser avaliados, jovens sem memória, órfãos políticos e «alegristas» descontentes), a Europa dos «pobres», dos «trabalhadores» e dos «povos». Vital Moreira, apesar de ser um péssimo comunicador, tocou na ferida: o PCP e BE «são a mesma coisa», mas deve deixar o BE para Silva Pereira (ou quem o substitua) e tomar conta do seu principal adversário: Paulo Rangel.
No i, 28.05.09.
Os primeiros dias da campanha eleitoral foram marcados pelas declarações de Vital Moreira sobre a possibilidade de criar «um imposto europeu sobre transacções financeiras». Independentemente da justeza da proposta, defendida por muito boa gente por essa Europa fora, o que conta é que, em campanha eleitoral, «imposto» é uma palavra maldita. Daí a «incomodidade» dentro do PS e as críticas de toda a oposição. As campanhas eleitorais estão transformadas num circo de promessas. Nada de realidades, nada de futuros negros. E, assim, vamos empobrecendo de ano para ano.
A propósito deste post de João Gonçalves sobre Júlio Dantas, veio-me à memória um escrito de Marcelo Caetano:
«O Dr. Dantas, homem de letras, fora ministro em vários governos da 1ª República, mas aceitara depois de 1928 colaborar com Salazar. (...) A mocidade do seu tempo não o levava muito a sério. Ele tornara-se o protótipo do academismo e da afectação. O movimento futurista tomou-o por isso para cabeça de turco, e rompeu com o «manifesto anti-Dantas», que começava por uma invectiva: «Dantas pim, Dantas pan, Dantas pum, Dantas pim, pan, pum». E às tantas entre os pecados que lhe assacava, acusava-o: «O Dantas usa ceroulas de malha». Todos ríamos desta frase que atribuiamos à imaginação de Almada Negreiros. O diabo é que, quando fui companheiro de apartamento de Júlio Dantas no Copacabana Palace, verifiquei com espanto que era verdade.»
(Marcelo Caetano, As minhas memórias de Salazar, edição Verbo, pág. 242,243).
António Costa Dias, politólogo, declarou ao Público que, com o pedido de renúncia do cargo de conselheiro de Estado, «termina a carreira política» de Dias Loureiro. Anda tudo aluado. A carreira política de Dias Loureiro terminou no dia em que entrou para a Administração da Sociedade Lusa de Negócios, se não mesmo antes. A sua nomeação como conselheiro de Estado é um «lapso» político de Cavaco Silva, uma nomeação «afectiva» que lhe ia saindo caro.
(Adenda: Limitei a «carreira política» de Dias Loureiro, nos últimos anos (sobretudo depois de ter entrado para a Administração da SLN) à sua nomeação para o Conselho de Estado, o que não é rigoroso. Dias Loureiro foi «a figura central (e principal estratega) da candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República». Este facto amplia o «lapso» político de Cavaco Silva e transforma a nomeação «afectiva» em nomeação em «pagamento de serviços prestados». De resto, nada se altera.)
As comissões parlamentares de inquérito, a avaliar pela sessão de hoje com Oliveira e Costa, são parte do voyerismo nacional. Apesar de todas as maleitas que carregam aos ombros, para investigar, acusar, julgar e condenar ou absolver, prefiro os tribunais.
Nesta campanha eleitoral «europeia», os cartazes do PS têm uma linha comunicacional coerente: não dizem nada de concreto aos eleitores. O primeiro, dizia «Nós, Europeus». Este último, nem memorizei a frase, mas está na mesma linha.
Manuela Moura Guedes, na sexta-feira à noite, vai saltar em cima de Oliveira e Costa ou de Dias Loureiro?
O silêncio dos culpados «O episódio televisivo que envolveu na passada 6ª feira, durante o telejornal nocturno da TVI, a jornalista Manuela Moura Guedes e o bastonário António Marinho Pinto, não foi um acontecimento banal ou passageiro. Pode dizer-se, sem hipérbole, que em 35 anos de democracia, raras vezes se viu verbalizada uma acareação tão directa de critérios acerca do modo de informar e de fazer jornalismo. Concorde-se ou não com o estilo ou com algumas das atitudes públicas de Marinho Pinto, a verdade é que este, servindo-se na perfeição da mesmíssima estratégia retórica, e da mesmíssima agressividade, habitualmente utilizadas pela sua entrevistadora, questionou ali com frontalidade a transformação sistemática do trabalho informativo num libelo acusatório lançado sobre quem se entrevista ou sobre muitas das pessoas às quais se refere. Bastante mais significativo que o episódio em causa é, porém, que um tal momento de televisão – no qual, aliás, escorreu esse «sangue» tão ao gosto de um jornalismo que tem vindo a fazer escola e do qual Moura Guedes é um dos rostos mais conhecidos – esteja a correr na blogosfera à velocidade da luz enquanto é completamente ignorado pelos jornais nacionais e pelas televisões. O néscio e «bigbrotheriano» corporativismo jornalístico que está por trás desta exclusão, silenciando ou minimizando os argumentos de quem ousa discutir critérios e estilos no modo de informar, é um perigo para a democracia. Deve ser uma causa nossa denunciá-lo e combatê-lo.» Rui Bebiano, A Terceira Noite.
O BE editou um vídeo, de escassos segundos, sob o título «José Sócrates abriu a campanha eleitoral em castelhano», onde pretende ridicularizar a situação. Era de esperar que essa critica viesse da direita nacionalista e não da esquerda internacionalista. Por um voto, Louçã envergonha a IV Internacional, onde o PSR está filiado. Que o camarada Trotsky lhes perdoe…