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Circula por aí um coro afinado a querer avisar os socialistas dos «perigos» que correm porque o congresso do último fim-de-semana não teve «conteúdo nenhum» a não ser render o «culto da personalidade» à volta de José Sócrates. Quanto ao «conteúdo» do congresso, o que me surpreende é que ainda há alminhas que acreditam que um congresso partidário, nesta sociedade televisiva e mediatizada, se destina a «discutir ideias». Destina-se apenas a transmitir «mensagens» aos eleitores. E isto é verdade para todos os partidos, desde o PCP ao CDS-PP, com maior incidência nos «partidos do poder». Em 2002, já lá vão 7 anos, no Público escrevia-se assim: «O PSD saiu ontem do seu XXIV congresso como para lá entrou: na mesma. Já o Governo, considera que saiu do Coliseu de Lisboa reforçado na sua acção e na sua estratégia. E terá sido precisamente para isso que serviu esta reunião dos sociais-democratas: mostrar que o partido está unido e solidário com o executivo.» Há alguma novidade? Quanto ao «culto da personalidade» não é mais do que o prolongamento do «culto da imagem» que avassala a política nos dias que correm. E aqui, o que me surpreende é o facto de os mesmo que se entregaram de alma e coração ao «obamismo» não reconhecerem, neste «culto da personalidade», por emotividades locais, a mesma «estratégia» comunicacional. Há quem não perceba a voragem do «tempo que passa» e queira avaliar comportamentos e situações presentes à luz de critérios de avaliação vigentes, pelo menos, há meio século atrás. Não sabemos até onde este «estado das coisas» pode evoluir, mas é esta a realidade.
A crise que os socialistas portugueses provocaram com as medidas do Governo nos últimos 4 anos continua a provocar efeitos devastadores em todo o mundo. A Islândia, país que normalmente circulava no topo de todas as estatísticas de «bem-estar e qualidade de vida» abriu falência; nas longínquas paragens do sol nascente parece que lhe passou um cilindro por cima, ao ponto do ministro da Economia ter sido demitido por se «meter nos copos»; os países do leste europeu – os que deixaram a «segurança» da economia planificada para se dedicarem ao «sonho capitalista» – estão à beira do colapso; não tarda nada, 1 em cada 5 espanhóis estão a roçar os fundilhos das calças pelos bancos de jardim, enquanto na China aumenta o êxodo de regresso aos campos e à fome. Nos Estados Unidos, só no mês de Fevereiro, a General Motors teve uma quebra de vendas de 53%. Ora, se Manuela Ferreira Leite insiste que esta crise é «nossa» não percebo porque se admira do Congresso do PS ter sido uma manifestação de culto da personalidade de José Sócrates.
Muitos daqueles que, há dois ou três anos, evocavam diariamente o crescimento económico em Espanha para realçar a «incapacidade» do governo luso, mantêm-se em profundo silêncio perante os números devastadores do desemprego entre os nossos hermanos. Só no mês de Fevereiro o desemprego subiu quase 5%.