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O Paulo – com razão – diz que é impensável, mas uma câmara de televisão ou um microfone à frente ainda faz perder a cabeça a muita gente. Desde os intervenientes em fóruns radiofónicos às vendedoras do Bolhão. Necessidades de afirmação? Carências de protagonismo? Provincianismo? Uma questão cultural? Não sei, mas parece importante dizer: «Pai sou Ministro», «Mãe apareci na televisão». Dar nas vistas parecer ser uma forma de realização pessoal. Mas, aos responsáveis pela investigação dos casos mais delicados exige-se recato, trabalho, resultados e descrição.
A semana passada, o «caso Freeport» parecia ir de vento em popa na comunicação social. O vento adivinhava-se de feição e cada um viu na «história» uma oportunidade de aumentar as vendas e as audiências. Sempre são mais uns tostões que entram na caixa registadora. Os tempos estão maus e a facturação também. Atropelaram-se uns aos outros para desencantar a melhor «dica», como se estivessem numa mesa de café, em Sobral de Monte Agraço, a ver quem contava a melhor anedota da noite. Mas, feitas as contas, a «informação tablóide» recua perante os factos e apresenta desculpas timidamente. Esta semana, a Visão e a Sábado fizeram marcha-atrás, cada uma a seu modo, como explica Eduardo Pitta. O Correio da Manhã, também se retractou, pedindo desculpa aos visados e aos seus leitores, como escreve Tiago Barbosa Ribeiro sistematizando todo processo. Outros dias virão.
Ilustração de Pedro Vieira.
Anda tudo em polvorosa, entre o escandalizado e o indignado, porque Santos Silva, numa reunião entre militantes socialistas, em resposta a criticas de Edmundo Pedro ao funcionamento interno do PS, terá respondido: «Eu cá gosto é de malhar na direita e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam de facto à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheço e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique.» A ideia está certa e a linguagem utilizada é a apropriada ao ambiente onde foi produzida. Há quem se detenha no verbo «malhar», como demasiado virulento, caceteiro; outros, mais vocacionados para as «questões ideológicas» confundem a frase com um «discurso estalinista». Tanta tinta por uma frase só pode significar que a informação está esgotada. Não há mais nada por onde pegar. É caso para dizer: Eça vem cá baixo depressa.
«Agora há muitas universidades e apesar de haver muitos alunos também não chegam para todas. A concorrência é cruel e há tantos cursos que se torna difícil inventar um que não exista já. Experimente. É um divertido jogo de salão. Quanto mais imaginário parecer, maior a probabilidade das inscrições estarem abertas.
A publicidade das universidades não é menos imaginosa. Ontem reparei que a Universidade Autónoma de Lisboa – cujo logótipo tem uma coroa de louro em cima do A como agradecimento a Apolo - começou a anunciar-se como "A única universidade no centro de Lisboa".
De facto, não é mentira: é no Conde Redondo, tão perto do Marquês de Pombal como do Elefante Branco. Mais central não podia ser. Dá jeito estudar numa universidade tão bem situada. Sai-se das aulas e, passados uns minutos, pode-se estar na Smarta ou no Dolce e Gabbana.»
Miguel Esteves Cardoso, Público, 06.02.09
Declarações de Edmundo Pedro foram hoje noticia, com largos comentários, tanto à esquerda, como à direita, porque falou em «medo» dentro do PS, mas ninguém se referiu ao essencial das suas declarações , quando falou do PCP e do BE: «Gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam de facto à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheço e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique» (Declarações de Santos Silva, em resposta a Edmundo Pedro, obviamente).