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Reynolds Price, escritor e professor universitário, autor da Introdução aos Contos Completos, de Truman Capot (Sextante Editora, 2008), escreve: «a América nunca foi um país de leitores» de ficção literária. Quem não soubesse isso de fonte limpa, pelo menos adivinhava. E acrescenta que, no século XX, «apenas dois notáveis ficcionistas lograram penetrar na maior parte dos lares americanos – Ernest Hemingway e Truman Capot». Ambos chegavam através das revistas Life, Look ou Esquire. Ora, quer Hemingway, quer Capot, não eram exactamente a respeitável Corín Tellado. Nenhum dos dois, cada um à sua maneira, «encarnava» o «espírito» e a «ambição» da classe média norte-americana. Aliás, cada um deles se suicidou, também, à sua maneira: um com uma bala na cabeça; outro com álcool e drogas. No entanto, a acreditar em Reynolds Price, foram os únicos ficcionista que «penetraram na maior parte dos lares norte-americanos». Será que Obama está a beneficiar de um efeito ao retardador?
Esta fotografia é de hoje, 29.10.08 (El País): quando um candidato às presidenciais norte-americanas se apresenta, numa acção de campanha, a 6 dias das eleições, de ténis, jeans e blusão; quando esse candidato é negro; e quando esse candidato é o melhor colocado nas sondagens para ocupar o cargo de Presidente dos Estados Unidos, é caso para dizer que os «costumes» do povo norte-americano estão em acelerada mudança. Será que o extremista George Bush enterrou definitivamente a «América» conservadora que o sustentou durante dois mandatos?
Manuel Alegre, ontem, no DN, insiste no «seu» sonho: juntar no mesmo caldeirão socialistas, comunistas e trotskistas; unir a II, a III e a IV Internacional. Do cozinhado nascia a «Nova Esquerda». Para tanto bastava umas «rupturas»: que o PS abandonasse a sua matriz ideológica; que o PCP se despedisse para sempre da revolução russa e do modelo soviético; que o BE enterrasse definitivamente as suas raízes trotskistas e a sua cultura de contra-poder. Sem estas «rupturas» nunca mais haverá esquerda, avisa o poeta. E qual o rumo desta «nova convergência»? É simples: será «força transformadora da sociedade e criadora de soluções políticas alternativas.». Nem mais, nem menos. Esta «convergência» só pontualmente pode funcionar. Em eleições cujas consequências «unitárias» se esgotem no dia das eleições. Como por exemplo, para a Presidência da República.