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O Avante de hoje, lido na versão on-line, publicava um artigo de José Casanova, Director do órgão central do Partido Comunista, em que acusava Irene Pimental de «branquear o fascismo» a propósito do recente livro daquela historiadora Biografia de um Inspector da PIDE – Fernando Gouveia e o PCP. O texto integral do artigo foi transcrito por Joana Lopes. Não sei se por este motivo ou por outro, a edição do Avante on-line, de hoje, 30 de Outubro, desapareceu. Isso mesmo: foi apagada. Num primeiro momento apagaram a edição; e num segundo momento, que se mantém ainda (sexta-feira, 31, às 00.40 h) meteram on-line a edição da semana passada, de 23 de Outubro. De que se envergonhará o Avante na ocultada edição de hoje?
Lisboa é uma cidade azarenta: caiu-lhe um porto na margem do rio. Ainda por cima, os Fenícios que cá chegaram, há uns largos séculos, decidiram-se pela margem norte para encostar os barcos. Podiam ter aportado à margem sul. Mas não. Vieram direitinhos às «Docas». Madrid, por exemplo, é uma cidade com sorte: não tem problemas de expansão do porto. Prescindiu dessa coisa horrível que é estacionar contentores junto ao rio. Os madrilenos, povo de vistas largas, perceberam logo que um porto lhe ia estreitar as vistas. Mas podemos enviar o porto de Lisboa para Roterdão. Aí é que um porto fica bem. Os holandeses, mais trabalhadores do que contemplativos, não se importam. E já agora, para pouparmos no subsídio de desemprego, enviem também os estivadores e os embarcadiços. Depois, felizes, é só pedir uma imperial e uns tremoços e observar o voo das gaivotas que se entrelaça nos raios de sol. Sim, isso da pobreza é sempre culpa dos outros!
(Imagens do porto de Roterdão).
Reynolds Price, escritor e professor universitário, autor da Introdução aos Contos Completos, de Truman Capot (Sextante Editora, 2008), escreve: «a América nunca foi um país de leitores» de ficção literária. Quem não soubesse isso de fonte limpa, pelo menos adivinhava. E acrescenta que, no século XX, «apenas dois notáveis ficcionistas lograram penetrar na maior parte dos lares americanos – Ernest Hemingway e Truman Capot». Ambos chegavam através das revistas Life, Look ou Esquire. Ora, quer Hemingway, quer Capot, não eram exactamente a respeitável Corín Tellado. Nenhum dos dois, cada um à sua maneira, «encarnava» o «espírito» e a «ambição» da classe média norte-americana. Aliás, cada um deles se suicidou, também, à sua maneira: um com uma bala na cabeça; outro com álcool e drogas. No entanto, a acreditar em Reynolds Price, foram os únicos ficcionista que «penetraram na maior parte dos lares norte-americanos». Será que Obama está a beneficiar de um efeito ao retardador?
Esta fotografia é de hoje, 29.10.08 (El País): quando um candidato às presidenciais norte-americanas se apresenta, numa acção de campanha, a 6 dias das eleições, de ténis, jeans e blusão; quando esse candidato é negro; e quando esse candidato é o melhor colocado nas sondagens para ocupar o cargo de Presidente dos Estados Unidos, é caso para dizer que os «costumes» do povo norte-americano estão em acelerada mudança. Será que o extremista George Bush enterrou definitivamente a «América» conservadora que o sustentou durante dois mandatos?
Manuel Alegre, ontem, no DN, insiste no «seu» sonho: juntar no mesmo caldeirão socialistas, comunistas e trotskistas; unir a II, a III e a IV Internacional. Do cozinhado nascia a «Nova Esquerda». Para tanto bastava umas «rupturas»: que o PS abandonasse a sua matriz ideológica; que o PCP se despedisse para sempre da revolução russa e do modelo soviético; que o BE enterrasse definitivamente as suas raízes trotskistas e a sua cultura de contra-poder. Sem estas «rupturas» nunca mais haverá esquerda, avisa o poeta. E qual o rumo desta «nova convergência»? É simples: será «força transformadora da sociedade e criadora de soluções políticas alternativas.». Nem mais, nem menos. Esta «convergência» só pontualmente pode funcionar. Em eleições cujas consequências «unitárias» se esgotem no dia das eleições. Como por exemplo, para a Presidência da República.
1. - Apesar do atraso, agradeço a todos os que tiveram a gentileza de atribuir Dardos a este blogue: Rui Perdigão (Vida das Coisas), Hélder Robalo (Pensamentos), Carlos Pereira (Foleirices), Paulo Ferreira (Câmara dos Comuns), Luís Novaes Tito (Barbearia do Senhor Luís), Francisco Glamote (Terra dos Espantos) e Sofia Loureiro dos Santos (Defender o Quadrado). Espero não ter omitido ninguém.
2. – Agradecer, também com atraso, à Menina Marota o destaque do Conquilhas na semana passada.
3. – Agradecer aos jogadores do Sporting, mesmo com algum atraso, o esforço que estão a fazer para despedir Paulo Bento. Eles – os jogadores - sabem que com Paulo Bento não vão longe.
Não há muito tempo, o blogue O Jumento foi alvo de denúncias quanto ao seu conteúdo junto da Blogger. O seu autor não teve dúvidas quanto aos denunciantes:
As questões suscitadas pelo Presidente da República ao «Estatuto dos Açores», e que estão na origem do veto, são de «dignidade institucional», ou seja, quanto à essência, não aquecem, nem arrefecem. O PS nada tinha a perder se propusesse, na Assembleia da República, a alteração das duas normas em causa.
Imoral, pelo menos, de Rui Bebiano (A terceira Noite)
A organização Repórteres sem Fronteiras promove anualmente um jogo, tipo roleta, em que «classifica» a liberdade de imprensa em cada país a partir da opinião de alguns jornalistas nativos. Como se trata de um jogo, os resultados são díspares e inconsistentes. Ao sabor da sorte e do humor de ocasião dos entrevistados. Em 2003, governava Durão Barroso, Portugal «classificou-se» em 28º lugar; depois, nos anos seguintes, ainda com governo Durão Barroso e Santana Lopes «melhorámos»: calhou-nos em sorte o 25º e o 23º lugar. Em 2006, já a governar José Sócrates, a «liberdade de imprensa» escancarou as portas e «entrámos» no top ten; um ano depois, em 2007, já «estávamos» em 8º lugar, ou seja, «dos melhores do mundo». Neste fatídico ano de 2008, a sorte não esteve ao «nosso» lado: fomos parar ao 16º lugar. Coisa grave! Dois comentários: primeiro, os Repórteres sem Fronteiras perdem credibilidade ao promoverem esta espécie de festival da canção da liberdade de imprensa; segundo, na água do banho vão os «comentadores» que, de imediato, sem pudor, declaram: «confirma-se a claustrofobia democrática».
(Sobre o mesmo assunto: aqui e aqui)
Se encontrasse o génio da lâmpada e este lhe concedesse três desejos, o que pediria?
«O primeiro desejo era que George Bush voltasse a ser o alcoólico que era antes. Porque como presidente ele é uma besta. O segundo desejo seria que aparecesse aí uma nuvem de inteligência, porque falta inteligência, sobretudo entre a classe política. E o último seria para abandonarmos uma série de mitos perigosíssimos que existem, como o mito da sorte. Há muitos jovens que acreditam que não vale a pena esforçarem-se por ser um bom mecânico ou dentista ou outra coisa. Para quê? Se tiver sorte poderá ser um bom milionário. Há escritores que não estão interessados na literatura, escrevem apenas para entrar nesse jet-set. Vê-se nas revistas do coração: o famoso escritor fulano de tal abre a porta de sua casa. Porquê? Eu não nasci para isto.»
Entrevista a Luís Sepúlveda, DN, 25.10.09
Estou deliciado com a leitura de O socialismo traído, de de Roger Keeran e Thomas Kenny (Edições Avante, Setembro de 2008). O PCP vai aí beber muito da sua «visão» sobre a hecatombe da URSS. E por isso não consegue ver para além da ponta do nariz. Os autores, num esforço acrítico, escrevem que Gorbatchov reduziu o «PCUS à impotência, transformando-o numa espécie de departamento consultivo de planeamento estratégico da sociedade soviética» (pág. 176). Com mais algum esforço teriam percebido que não foi Gorbatchov que «reduziu» o PCUS a um «departamento consultivo». Foi o «centralismo democrático» – concebido, inicialmente, para resistir nas condições difíceis do czarismo, permaneceu intocável. De Lenine até Gorbatchov. A democracia interna nos partidos comunistas é, pois, uma treta. Ou melhor, é uma rolha. Qualquer voz discordante é decapitada. O último líder do PCUS no poder apenas usou a rolha para, num ápice, fazer cair o castelo de cartas. Nada mais simples.
Quanto a ucranianos estamos conversados: Paulo Bento é muito melhor do que Jesualdo Ferreira, mesmo dando de barato que jogar em casa é mais favorável do que jogar fora.
O Lâmpada de Aladino, de Luís Sepúlveda (Porto Editora), é apresentado, dia 23, quinta-feira, por Francisco José Viegas, no El Corte Inglês, às 18.30h. («Ao entardecer cessou o vento arenoso do deserto e o velho Mediterrâneo uniu o seu cheiro salobro ao aroma subtil das magnólias» - Café Miramar, a primeira de várias outras história)