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Há quem, ainda, perante as evidências, tenha defendido recentemente que a invasão do Iraque foi uma decisão acertada da Administração norte-americana, especialmente de Bush. Há quem, ainda, perante as evidências, não tenha percebido que Bush (e a sua equipa), nos oito anos do seu mandato, colocou os EUA de cócoras. Mas, para nós, portugueses, o mais grave é que, essas pessoas, mesmo defendendo, ainda, a invasão do Iraque ou não percebendo como os EUA chegaram a este ponto com Bush, assumem-se como estrategas do PSD.
Quando assisti, no sofá, com é hábito, há 15 dias, ao Barcelona-Sporting, cujo resultado final ficou nos 3-1, pensei que o Sporting tinha sido «massacrado». Hoje, depois de assistir ao Arsenal-FCPorto, revi em alta o conceito de «massacre».
« Washington e Pyongyang, tanto faz», do Pedro Correia (Corta-fitas).
Hoje, os Republicanos, na Câmara dos Representantes, em nome da pureza ideológica «neoliberal», desautorizaram Bush, bombardearam McCain e deram indicação de voto em Obama. Ainda por cima, inutilmente. Daqui a uma semana vão dar o dito por não dito.
De Homem Para Homem, de Manfred Karge, no Teatro do Bairro Alto (pelo Teatro da Cornucópia), Rua Tenente Raúl Cascais, em Lisboa, até 5 de Outubro. Com Beatriz Batarda e encenação de Carlos Aladro.
Uma notícia da Lusa, transcrita pelo Público, começa assim: «A chuva forte registada desde a madrugada de hoje no Algarve, principalmente no distrito de Faro…». Ainda estou à procura do outro distrito no Algarve onde não aconteceu o «principalmente»...
«António Borges, que falava quarta-feira, no final de um encontro entre a direcção do PSD e uma delegação da CGTP/IN, declarou que o PSD concorda com o retrato da situação económica e social do país traçado pela central sindical.»
Site do PSD.
Não é necessário acrescentar mais nada às palavras de Paulo Bento: «a vitória do Benfica não merece contestação».
PS: Só agora dei conta que Filipe Nunes Vicente, antes do jogo, explicou o que se ia passar: «como a força dos queixinhas reside precisamente no meio campo ( Rochemback e Moutinho, a Sara Bernhardt do futebol luso), o sobrinho da Tia Lola terá de respeitar a sociedade: jogar directo e pelas faixas.»
No quadro – interno e externo – em que vive, neste momento, os EUA, Obama (mais do que ele próprio, pelo que representa) está em melhores condições do que McCain para ajudar o EUA a tirarem o pezinho da lama. Mas, Obama, nos debates não tem o fôlego dos maratonistas. É muito melhor a falar sozinho.
Paul Newman foi um grande actor e realizador, apesar de ter ganho mais dinheiro com a sua fábrica de molhos e condimentos do que no cinema. Mas, sobretudo, foi um cidadão empenhado e atento, envolvendo-se em muitas causas humanitárias. O seu apoio a McCarthy, nas presidenciais americanas de 1968, valeu-lhe um ódio de estimação de Nixon, o que considerou a maior honra da sua vida.
O Socialismo Traído, (Edições Avante, Setembro de 2008), da autoria de Roger Keeran e Thomas Kenny, um historiador, outro economista, constitui uma reflexão «interna» (ambos são militantes do partido comunista dos EUA) sobre a derrocada do «socialismo» soviético. Em traço grosso, a «investigação» reafirma os «lugares comuns» entre comunistas ortodoxos: não havia qualquer crise grave na sociedade soviética que justificasse o colapso do regime. Havia necessidade – dizem os autores -de alguns aperfeiçoamentos, mas «tudo» funcionava rumo à «sociedade comunista»: a democracia de tipo novo, a economia planificada, os sindicatos, os sovietes e tudo o mais. E, encurtando razões, apontam dois motivos principais que levaram ao fim a pátria do socialismo: por um lado, a luta entre as duas linhas, a de esquerda e a de direita, no interior do PCUS (Bukhárine e Stáline, Khruchov e Mólotov, Bréjnev e Andrópov, Gorbatchov e Ligatchov); por outro, a «segunda economia» – uma «economia de mercado», residual, mas que representava o modo de pensar capitalista. A «direita» dentro do Partido apoiou-se, sempre, nos representantes «do modo de pensar capitalista». Mas, fica claro nesta obra que a «degenerescência» começa após a morte de Estaline. Entre os anos 30 e 50 o crescimento industrial situava acima dos 15%; com Khruchov baixou para os 3 ou 4 %. Aliás, a reflexão aponta o dedo inequívoco a Khruchov como o «pai» da «desconstrução» do socialismo. Cito:
«Depois de 1953, começou a crescer dentro do socialismo uma nova base económica para as ideias burguesas.»
«Tais elementos que tinham (…) diminuído drasticamente com a colectivização da propriedade sob Iossif Stáline voltaram a aparecer com a chamada liberalização de Nikita Khruchov.»
«A abordagem de Khruchov (…) ia contra o aviso dado por Stáline em 1952 de que “deixar de dar primazia à produção de meios de produção» iria “destruir a possibilidade da expansão contínua da nossa economia”».
Khruchov avançou (…) a ideia de que o PCUS deixara de ser apenas a vanguarda do proletariado para se tornar a vanguarda de “todo o povo” e de que a ditadura do proletariado se tornara o “Estado de todo o povo”.
Khruchov fez diversas mudanças no modo de funcionamento do Partido que diluíram o seu papel dirigente.»
Toda a ideia de que a luta de classes terminou num mundo ainda dominado pelo capitalismo e pelo imperialismo, ou no interior de um Estado socialista, é ela própria uma manifestação da luta de classes a um nível ideológico.
«A actividade económica privada (…) emergiu com uma nova vitalidade no tempo de Khruchov, floresceu com Bréjnev e em muito aspectos substituiu a economia socialista primária no tempo de Gorbatchov e de Ieltsin.»
Ver isto escrito num livro editado pelos comunistas portugueses, em 2008, é estranho. É a repetição das teses dos comunistas chineses, na luta ideológica que mantiveram com os comunistas soviéticos, há 50 anos. Mao Tsétung, na altura, chamou-lhes revisionistas. Os autores de O Socialismo Traído, também. Com as mesmas palavras e os mesmos argumentos. É à luz da reflexão contida neste livro que devem ser revisitadas as posições de Álvaro Cunhal nos anos 60. O líder dos comunistas portugueses, em defesa de Khruchov, disse e escreveu exactamente o contrário, com a agravante de conhecer as posições dos comunistas chineses.
Afinal, parece que, no plano ideológico, Álvaro Cunhal não acertou uma.
Voltarei ao tema, comparando citações dos comunistas chineses, de Álvaro Cunhal e da obra editada pelo Avante.
Hoje fui à cidade; à grande cidade que fica no fim da auto-estrada. Fui e regressei que por lá não me quero perder por muito tempo. Fui só ver o embaixador de França, em nome do governo francês, armar Manuel Alberto Valente Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras. Correu tudo bem, se não atendermos ao enérgico protesto de uma amiga belga no momento em que o Manuel, no seu discurso, referindo-se a importantes nomes da cultura francesa, falou em Jaques Brell.
Com a proposta de revisão do Código do Trabalho, o PS «assume uma posição destacada na galeria dos retrógados e reaccionários de todas as épocas».
In Avante, 25.09.08.