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A propósito da sugestão de Vítor Constâncio sobre a introdução da energia nuclear em Portugal, José Manuel Fernandes, no editorial do Público, de hoje, suscita – e bem – a questão vital da energia (e da necessidade de quantidades crescentes para assegurar o nível de vida a que os cidadãos aspiram), e consequentemente, a solução nuclear. Mais cedo ou mais tarde, este debate tem de ser feito. Mais cedo ou mais tarde, a opção pela energia nuclear tem de ser feita, a par do desenvolvimento de todas as outras fontes de energia renováveis. E quanto mais cedo, melhor. O nosso empobrecimento ou não vai, inevitavelmente, passar pelas opções enérgicas alternativas aos combustíveis fósseis. Já há décadas que se fala na necessidade de «diversificar a matriz energética» mas, como é nosso timbre, avessos a ver mais de um palmo à frente do nariz, perdidos na espuma dos dias, continuamos a meter a cabeça debaixo da areia até ao limite. Esgotámo-nos com os Descobrimentos. Daí para cá, nunca mais inventámos a realidade. Ficamos atarefadamente de braços cruzados à espera que a realidade nos invente.
Yu. P. Kugach et al., To Great Stalin -- Glory! (1948)
«Quando privais alguém de tudo, ele deixa de estar sob o vosso poder. Ele volta a ser inteiramente livre.»
(Aleksandr Solzhenitsyn, O Primeiro Círculo).
Os metrossexuais – homens que dão muito valor à aparência – caíram em desuso; o que está, agora, a dar são os gastrossexuais – homens que conquistam as mulheres através dos dotes culinários.
(Via Coutinho Ribeiro).
Em Itália, no mês passado, Silvio Berlusconi declarou o estado de emergência no país, aumentando os poderes da polícia, sobretudo em relação aos imigrantes. Por estes dias, o governo meteu nas ruas das principais cidades 3 000 militares fardados de camuflado e armados de espingarda metralhadora. Roma ficou, assim, mais próximo de Beirute. Pelos menos, nas imagens que os fotógrafos vão colhendo. Tudo em nome da segurança dos italianos. Palpita-me que as primeiras vítimas desta militarização «simbólica» da Itália vão ser os italianos. Por um simples motivo: são os italianos (e não os imigrantes) que têm os votos que lhes permite voltar a dizer que não é o Sol que gira à volta da Terra.
«Cravinho tem razão em tudo o que diz e na urgência com que o diz. Já não tem razão em muitas das suas propostas que reforçariam o já hiper-reforçado estado judicial e diminuiriam direitos, liberdades e garantias que nem a luta contra a corrupção justifica. Tomadas à letra, inverteriam o bom princípio da presunção da inocência que obriga o estado a provar o crime e não o individuo a provar a inocência. Num país como Portugal levariam, a breve prazo, ao seu uso para perseguições políticas ad hominem, mesmo sem qualquer substância num crime.»
José Pacheco Pereira, na Sábado.
«Quando um jornal perde o respeito dos seus leitores, passa a ser uma questão de tempo saber quando desaparecerá.»
José Manuel Fernandes, Editorial do Público, 02.08.2008,
«Na entrevista ao "Diga lá, Excelência" (PÚBLICO, 27.7.08), João Cravinho mostra algum despeito pessoal e político pela não adopção do seu projecto e descura, talvez por ligeireza de leitura, o que o diploma aprovado pela Assembleia da República tem de comum com os seus louváveis propósitos.
Como qualificar de "forte pendor governamental" uma entidade presidida pelo Presidente do Tribunal de Contas, cuja independência constitucional, legal e de facto é uma realidade e composta por quatro membros integralmente independentes do Governo (director-geral do Tribunal de Contas, um magistrado do Ministério Público, um advogado e uma personalidade de reconhecido mérito na matéria, designados por entidades que são independentes do Governo)? Como ignorar que os três outros membros (inspectores-gerais dos Ministérios mais sensíveis ao fenómeno da corrupção) são, além de minoritários, dotados legalmente de independência técnica e funcional? Como afirmar que nestas circunstâncias a própria independência do Tribunal de Contas não é favorecida? Se compete ao próprio CPC aprovar o regulamento da sua própria organização e funcionamento, bem como dos serviços de apoio respectivo, como afirmar que os seus membros vão "a sessões e nada mais"? Se cabe ao próprio CPC propor (não podia ser doutro modo) ao Ministério das Finanças o quadro desses serviços de apoio e se lhe compete a nomeação do respectivo pessoal, que terá vencimento majorado, e a possibilidade de contratação de consultores técnicos, como duvidar que este organismo não se venha a dotar de "pessoal altamente qualificado"? Se isto é governamentalizar a prevenção da corrupção, então como qualificar as Orientações Estratégicas de Prevenção da Corrupção e os Planos de Prevenção da Corrupção aprovados necessariamente pelo Governo, conforme constava do projecto de Cravinho?»
Extracto de Prevenir a corrupção, Alfredo José de Sousa, Público, 02.08.2008.
Meu caro João Gonçalves: independentemente de pequenos episódios, como o «número« de ontem, protagonizado por Cavaco Silva, quanto ao essêncial, dizes que o regime está