Ninguém me convence que não foi aquela gente, na RTP 1, ontem à noite, a falar sobre as cheias de 1967, que invocou as chuvas que se abateram, após o programa, sobre Lisboa.
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Hoje, ao almoço, um senhor na mesa do lado, com ar de boa pessoa, entre duas garfadas de bacalhau cozido com batatas e grão, intrometeu-se na «minha» conversa, e esclareceu-me, num tom adequado a quem percebe do assunto, que «eram mesmo professores». Sem esperar pela resposta, rematou: «se aquilo não foi uma manifestação espontânea vou ali já volto». Fiquei mais descansado, e disse-lhe: «Estou esclarecido». O senhor continuou na mesa do lado. Ainda lá estava quando eu saí, e me despedi: «Com que então vou ali já volto».
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«Um estrangeiro que chegue a Portugal e se depare com tudo isto, julgará ter aterrado na Venezuela. E andamos nisto desde que me recordo de prestar alguma atenção à política: a imparcialidade da comunicação social (pública ou privada) e as alegadas manipulações e conspirações contra este ou aquele partido ou interesse são um tema quase permanente na agenda política portuguesa.(…) estamos todos convencidos de que existe uma "verdade dos factos" e um mundo que pode ser facilmente pintado a preto e branco. Mas, como a cor que vemos nessa "verdade" depende das nossas preferências e inclinações, tudo o que tenha tons de cinzento é visto como sendo favorável aos nossos adversários e, logo, uma "mentira" ou uma "manipulação". Que os mais informados ainda sejam mais atreitos a esta enviesamento cognitivo mostra como a informação é usada para confirmar preconceitos em vez de os afastar.(…) Uma das coisas mais curiosas que me ficaram das minhas raras interacções com responsáveis político-partidários é a sua tendência para a obsessão com a comunicação social, com a perseguição que sentem ser-lhes movida pelos jornais ou pela televisão, com as alegadas distorções e manipulações das sondagens ou com o que está por detrás das opiniões de malévolos comentadores. Mas compreendamos que este é, afinal, o "mundo real" dos políticos (e, em grande medida, de muitos jornalistas), só ocasionalmente entremeado por alguns indicadores estatísticos e umas visitas "ao terreno" organizadas pelas estruturais locais dos partidos.(…) Só se espera que esta obsessão não os faça esquecer que há outro mundo, bem menos irreal, no qual vivem todos os restantes portugueses.»Um mundo irreal,
Pedro Magalhães, Público, 18.02.2008. (Transcrição parcial. Sublinhados meus)
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