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Há quem não goste de futebol, como há quem não goste de caracóis. É tão só uma questão de gosto, apesar de quem não gosta de futebol se insinuar com mais substância
(esse «ópio do povo» que enfurece multidões e desvia a sua atenção das «questões importantes» - argumentam para nos assustar). Mas o futebol é uma escola – uma universidade, direi mesmo – da luta política e da luta de classes. Quando, no último Porto-Sporting, um jogador do Porto, no caso concreto Quaresma, desinteressa-se da bola e, intencionalmente, só quer esmagar o pé de um jogador do Sporting, o que vemos nas bancadas? Os sportinguistas pedem cartão vermelho para o infractor. Os portistas gritam: «isto não é um jogo para meninas». Esta é a visão da luta de classes. Não há «factos» que se interpretem acima (ou para além) de uma determinada perspectiva, seja clubista, de classe ou qualquer outra. No caso em apreço, o árbitro, esse, salomónico, talvez por ouvir falar em meninas, mostrou o cartão amarelo, o que equivale a dizer que apreciou o «facto», o referido e muitos outros ocorridos no mesmo jogo, incluindo aquele ressalto para o guarda-redes, de uma determinada perspectiva. Na perspectiva do F C Porto. O árbitro comportou-se, na visão marxista, como a pequena burguesia urbana – a classe média – entalada entre a classe operária e o grande burguesia: acabou por servir quem lhe dá as migalhas. Se assim não fosse o resultado, provavelmente, teria sido outro. Moral da história: quem tiver os árbitros e as classes médias na mão ganha sempre o campeonato.